Plínio fala do processo de concepção de trilhas (Vídeo realizado pelo Blog da Mimo)
Da respiração da imagem surge a trilha
Davi Lira
da equipe do Blog da Mimo
Músico, dj e instrumentista, o carioca Plínio Profeta, com a leveza que lhe é característica proferiu uma palestra de forma participativa e descontraída. "Nunca dei palestra na minha vida", brincava o compositor de trilhas que esteve neste sábado (4) no Mercado da Ribeira, em Olinda, juntamente com uma dezena de participantes. Com a proposta de apresentar um apanhado de clássicos sonoros no Cinema em conjunto com seus trabalhos mais recentes, o músico, atualmente focado na produção do próximo longa de Selton Mello, O palhaço, não fugiu à doutrina estética e tradicional dos críticos de cinema.
Não faltaram menções às já conhecidas trilhas de Bernard Herrmann em Psicose (1960): "A junção perfeita da música e da imagem, com a entrada de peso do celo", setencia Profeta; de Ennio Morricone na filme Por um punhado de dólares (1964), do memorável Sergio Leone; além é claro referências às propaladas bandas sonoras de Tubarão e King Kong.
Além dessa prevalência de trilhas baseadas em tema de personagem (light motif), tão bem trabalhadas por Ennio, Plínio destacou o recurso bem utilizado da música diagética mesclada com a não diagética, ou seja, o som ambiente e de objetos que compõe a cena se misturando com a trilha que é produzida externamente.Um trabalho interessante trazido pelo palestrante foi a trilha desenvolvida por Miles Davis, em Ascensor para o cada falso (1958). A Florence, de Jeanne Moreau, caminhando pelas ruas de Paris aflita, com sentimentos de traição e angústia no ar compõem a atmosfera captada por Davis.
Trecho do duelo em Por um punhado de dólares (Vídeo realizado pelo Blog da Mimo)
CINEMA INDEPENDENTE - Mas para Plínio Profeta, o cinema indie vive um momento diferente. "Hoje é comum perceber que os filmes independentes estão mais secos", fala o músico citando os trabalhos da cineasta argentina Lucrécia Martel (O pântano), e dos documentários de Eduardo Coutinho em geral. No entanto, ele juntamente com Selton Mello compartilham de outra visão. "Não gostamos dessa ideia de cinema seco, pouco musical. A trilha deve ser utilizada como um instrumento indultor da emoção, não vemos problemas quanto a isso".
Realmente não há problemas. Basta conferir a sequência de 7 minutos do filme Feliz Natal, de Mello, para identificar que é possível se aproprioar da força do som, sem o diálogo, mas em perfeita consonância com as imagens. O resultado expressivo não poderia ser diferente. A integração com os ruídos, fundamentada pela linguagem eletroacústica em conjunto com o acorde da viola caipira propicia uma imersão completa na cena e na narrativa fílmica do vídeo.
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