quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Compasso quatro... Um, dois, três e...

Concertos podem ser uma experiência sempre renovadora para o público em geral, mas pouca atenção se dá aos ensaios*, nos quais são acertados exaustivamente os pontos necessários para se chegar a uma apresentação tida como desejável por maestros - ou executantes, no caso da música de câmara.

No Curso de Regência da Mimo, realizado pelo quarto ano seguido e ministrado por Isaac Karabtchevsky, é possível conhecer perfeitamente a dinâmica de trabalho de bastidores de uma orquestra sinfônica, com o diferencial de se tratar de um evento didático, onde tudo é passado a limpo: do gestual ao conhecimento de repertório, passando pelo tratamento com os músicos.

Até o próximo domingo, o Teatro de Santa Isabel abrigará durante as manhãs (nas lições práticas) e tardes (nas teóricas) as aulas com os 15 alunos executantes e 150 ouvintes, os quais contarão com a Orquestra Sinfônica de Barra Mansa como orquestra residente. As aulas práticas acontecem no palco principal e as teóricas, no Salão Nobre.

É sobretudo interessante notar como a orquestra reage diferente ao comando de cada um dos alunos executantes, os quais dispõem de exatos 15 minutos nas aulas práticas para ensaiar a peça/movimento que lhe foi determinada e são filmados por uma câmera colocada de frente para eles (portanto, por trás da orquestra) para depois terem a performance comentada nas aulas teóricas por Karabtchevsky.

E o renomado maestro não deixa passar nada batido, como em uma de suas intervenções ao microfone, sempre ouvidas com atenção total: "O Adágio de Barber é um adágio mahleriano. Você tem de ouvir Mahler: as três notas finais do Adágio [de Barber] são as mesmas do final da Nona [de Mahler]"

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* Em tempo, uma sugestiva recomendação cinematográfica: Ensaio de orquestra, de Fellini.

Fotos: Renato Spencer

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