segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Encerramento dos trabalhos

Deixamos nosso obrigado a todos que acompanharam o Blog da MIMO pelo terceiro ano seguido e ficaram antenados em tudo o que ocorreu na Mostra na semana que acabou de passar. Agora começam as apostas sobre quais serão as atrações da MIMO 2012.

Até o ano que vem.

Público em transe com duo final

Foto: Beto Figueiroa
O último concerto apresentado na Mimo 2011 ficou por conta do duo Hamilton Holanda e André Mehmari. Como não poderia deixar de ser, a dupla emocionou e prendeu o públco em cada nota dos seus respectivos instrumentos. Piano e Bandolim foram os protagonistas dessa bela homenagem à dois mestres da música instrumental brasileira: Egberto Gismonti e Hermeto Pascoal. Após duas canções, Hamilton faz uma breve apresentação do trabalho e sequencia o show com o chorinho "contínua amizade" de autoria própria e "A fala da paixão" uma lírica e emocionante composição de Egberto. O público estava em transe com aquela apresentação minimalista e só despertavam ao final de cada releitura. Chegando aos momentos finais do espetáculo, André agradece a oportunidade de estar na Mimo e cumprimenta os espectadores que os assistiam fora da igreja. Mesmo tendo fugido um pouco do repertório oficial, os músicos conduziram com maestria e foram ovacionados ao término do espetáculo, culminando no bis final.

Festa da Mimo

O blog da Mimo não poderia encerrar sem fazer suas devidas considerações à festa oficial da Mimo, que aconteceu neste sábado. A Casa de Alceu hospedou cerca de 650 convidados, disponibilizando um buffet variadíssimo, baseado em frutos do mar. Aos poucos, os convidados foram perdendo a timidez e enchendo a pista de dança, num espaço reservado com a iluminação típica. Dentre demais DJs, Catarina Dee Jah e o DJ Incidental colocaram sets bem pernambucanos para tocar na radiola. A produção, a equipe técnica e a assessoria estiveram todas presentes na confraternização. Atrações da Mimo também arranjaram um espacinho na agenda lotada de concertos e masterclasses para comparecer à festa. Estiveram no local o pianista Daniel Gortler e o violinista Tim Fain, que havia se apresentado naquela noite com Philip Glass. A organização foi bastante acertada, garantindo um momento singular dentre os muitos que integraram a programação do festival. Para completar o clima trazido pelos entornos do sítio histórico de Olinda, vale dizer que não faltou nem lua cheia na ocasião. Agora sigamos a todo vapor para a próxima edição!

Equipe de Imprensa da MIMO 2011


A Equipe de Imprensa da MIMO 2011, cujo trabalho de assessoria de imprensa e mídia social tem sido o mais destacado de um festival de música já realizado no Nordeste, está trabalhando bastante não só para levar ao público todas as informações possíveis (das essenciais até aquelas que por pouco passam batidas) mas também para contribuir na própria dinamização e apropriação da MIMO pela população de Olinda e de toda a Região Metropolitana do Recife. Aqui vai uma breve menção de reconhecimento a todo mundo que esteve envolvido nesta missão.

Trago Boa Notícia, responsável pela assessoria de imprensa local e pela divulgação em Facebook e Twitter
  1. Aline Feitosa
  2. Dulce Mesquita
  3. Elayne Bione
  4. Juliana Renepont


Ateliê Santo Lima, responsável pela fotografia e pela alimentação do Flickr
  1. Beto Figueiroa
  2. Renato Spencer
  3. Marcelo Lyra
  4. André Sampaio


MNiemeyer, que cuida da assessoria de imprensa nacional:
  1. Andrea Pessoa
  2. Leandro
  3. Alex



E, claro, o time do Blog da MIMO
  1. Carlos Eduardo Amaral
  2. Kalline Costa
  3. Pedro Paz
  4. Rafael Moura
  5. Yuri Assis

Um concerto de samba erudito

Foto: Marcelo Lyra

Como dito em post anterior, as igrejas, a priori, são locais de reverência à hierarquia católica, onde existe uma ritualística a se seguir. Acontece que a apresentação do Pagode Jazz Sardinha's Club neste domingo, num lotado Seminário de Olinda, subverteu totalmente o conceito. Nem um pouco formais ou repreendidos, trouxeram as melodias populares para a capela, acompanhados fielmente pelo público. O grupo convidou a plateia a entrar na dança, ao que se seguiu uma resposta intensa. Teve até quem, no final, dissesse, com ar de espanto, que aquela era a primeira vez em que havia sambado dentro de uma igreja.

Foto: Marcelo Lyra

Se houve alguma reverência na ocasião, foi por causa do nível de sofisticação com o qual reproduziram chorinhos, sambas e jongos. Sofisticação essa que permitiu, sem maiores dificuldades, colocar lado a lado o pagode com o jazz e a bossa nova mais refinados. Para se ter uma noção deste resultado, é possível até falar que o Pagode Jazz Sardinha's Club realizou um concerto de samba erudito, marcado pelo clima de virtuosismo e descontração. Quem esteve na ocasião pôde também se surpreender com a versão jazzística impecável de "Carinhoso", famoso chorinho composto por Pinxinguinha.

Foto: Marcelo Lyra

Ainda sobrou tempo para o bandolinista Rodrigo Lessa dar um depoimento ao vivo sobre a Mimo e confessar que é um velho fã do Carnaval de Olinda. Confiram: "a Mimo é um festival fantástico. Parabéns à toda produção e equipe técnica. É um grande prazer tocar aqui. Vir a Olinda relembra o Carnaval de 1988 em que nos aventuramos por essas ladeiras."

Cinco orquestras em dois dias

Os fãs de música orquestral no Grande Recife testemunharam um final de semana sem precedentes proporcionado pela MIMO 2011, onde [possivelmente pela primeira vez no Estado] cinco orquestras - sinfônicas e de câmara - apresentaram-se em um espaço de apenas um dia e meio e trouxeram um amplo repertório, que abarcou de Haydn a Laurindo de Almeida, passando por Darius Milhaud e Rossini. Confira aqui um breve resumo dos concertos.

***

A Orquestra de Câmara da Cidade de João Pessoa apresentou-se em Olinda no sábado (10) às 11 da manhã, na Igreja da Sé, com obras de José Alberto Kaplan (Abertura festiva, um releitura de El Salon Mexico de Aaron Copland em que temas nordestinos são trabalhados dentro da estrutura formal da peça do norte-americano), Villa-Lobos (Fantasia para sax alto e orquestra de câmara, tendo como solista o professor Arimateia Veríssimo e que substituiu o inicialmente divulgado Concertino para violino e orquestra de Clóvis Pereira) e Darius Milhaud (suíte Saudades do Brasil, inspirada em bairros e ruas cariocas).

O maestro Carlos Anísio pediu licença de forma bem humorada, "Músico não sabe como começar a falar e quando parar de falar", para fazer as preleções das obras e orientou o público em particular informando os movimentos da peça do compositor francês, que teve contato com Villa-Lobos e a música popular carioca durante a Primeira Guerra Mundial, quando trabalhou como adido diplomático no Brasil.

OCCJP e o maestro Carlos Anísio. Foto: Renato Spencer - Ateliê Santo Lima

Às 16h, na Igreja do Monte, o concerto não foi propriamente o de uma orquestra sinfônica, mas de seus naipes separados. No fechamento oficial das oficinas de instrumentos da Etapa Educativa da MIMO 2011, os alunos de cordas dedilhadas, cordas friccionadas, madeiras e metais apresentaram-se nesta ordem, sob a respectiva regência de Marco César, Nayran Pessanha, Elione Medeiros e João Luiz Areias. Os alunos de metais brindaram o público com obras além do programa divulgado, e o violonista Guilherme Calzavara atuou como solista do Concerto para violão n° 1 de Laurindo de Almeida, ainda no início.

Sempre com a respeitosa atenção das irmãs beneditinas na primeira fila, estava também presente na Igreja do Monte o compositor mineiro radicado na Paraíba J. Orlando Alves, cujo stravinskiano Concerto breve para sopros foi tocado pela segunda vez na MIMO (a primeira, em 2007). Ao lado de Orlando, o  compositor pessoense Marcílio Onofre, um dos mais premiados do país em sua geração.

Prof. Marco César regendo os alunos da oficina de cordas dedilhadas. Foto: Beto Figueiroa - Santo Lima

No Recife, a Orquestra de Câmara de Toulouse tocou às 18h30 na Basílica do Carmo (cuja iluminação preparada pela MIMO enfatizou de forma primorosa o altar-mor do templo) e conseguiu compenetração extrema do público durante as peças de Mozart, Chostakóvitch e Britten.

O estudante de música Lucas de Moura, que estava presente, falou para o Blog da MIMO sobre o desempenho da orquestra e as apresentações da MIMO 2011 que tem acompanhado: "Eu vim pela expectativa de ver uma orquestra de câmara com nível europeu e pelo repertório: [os músicos franceses] são excelentes. Fui antes ao concerto de Ballaké Sissoko e Vincent Segal, de Arthur Verocai, cujos arranjos são muito legais, e de Alex Tassel, e peguei parte do de Arrigo Barnabé".

Foto: Renato Spencer - Ateliê Santo Lima

Na manhã do domingo, a Igreja da Sé lotou novamente, desta vez para o concerto de encerramento do Curso de Regência da MIMO 2011, ministrado por Isaac Karabtchevsky. Mais detalhes, nesta reportagem do Bom Dia Pernambuco.

Preleção de Isaac Karabtchevsky. Foto: Renato Spencer - Ateliê Santo Lima

E, para encerrar a maratona orquestral, a Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte fez lotar a Igreja da Madre de Deus no início da noite do domingo, no Recife Antigo. Para além do destaque dado ao jovem violoncelista Diego Paixão, solista no primeiro Concerto de Haydn, e da Suíte Vila Rica de Camargo Guarnieri, cujo Baião final rendeu o bis, o público entusiasmou-se realmente com Brasil Amazônico, de Dimitri Cervo. Abaixo você vê a íntegra da execução da peça, que rendeu muitos cumprimentos ao compositor após a apresentação. 

 

Philip Glass e Tim Fain: o mestre e o aprendiz em concerto memorável



Crédito: Beto Figueiroa/SantoLima
O pesquisador José Miguel Wisnik conta, em O som e o sentido: uma outra história das músicas, que em uma peça chamada Composição n° 7 (1960), de La Monte Young, a partitura manda sustentar um só som por tempo indeterminado. Essa forma elementar de exposição do que soa aos ouvidos é a característica básica da música minimalista, também chamada de repetitiva, da qual o compositor Philip Glass é considerado ícone. Autor de óperas como Einstein on the beach, Glass, atuando como pianista, mostrou, na noite de sábado (10), na Igreja da Sé, que de básico não tem nada. Aos 73 anos, também se revelou generoso. Ao invés de se apresentar sozinho, preferiu estar na companhia do violinista Tim Fain.

Enquanto o jovem promissor Fain emocionava os espectadores ao tocar os sete movimentos da Partita para violino solo, o preciso dedilhar do americano Philip Glass era de causar espanto. Seja em composições como The Orchard ou The French Lieutenant, um dos maiores músicos vivos, em atividade, ratificou o porquê de já ter conquistado um Globo de Ouro com a trilha do filme O show de Truman, de Peter Weird. Após cumprir o programa do concerto, Glass apresentou, ainda, mais três composições. Uma delas é, inclusive, um dos seus trabalhos mais conhecidos, intitulado Glassworks. Isso só não agradou mais do que ouvi-lo falar o idioma português, em todas as vezes que se dirigia ao público, com a ajuda de uma “cola” preparada, anteriormente, pela produção da MIMO 2011.


Confira parte da apresentação dos músicos Philip Glass e Tim Fain na MIMO 2011:





Jards Macalé em entrevista

Foto: Jean Felipe Souza
Hoje pela tarde no Hotel Sete Colinas, Jards Macalé nos recebeu gentilmente para falar entre outras coisas, sobre o documentário "Canções do exílio: a labareda que lambeu tudo" do diretor Geneton Moraes Neto que foi exibido no pátio da igreja da Sé às 19:00h.

O áudio da entrevista foi dividido de acordo com as perguntas. É só clicar nos links abaixo: