segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Cinco orquestras em dois dias

Os fãs de música orquestral no Grande Recife testemunharam um final de semana sem precedentes proporcionado pela MIMO 2011, onde [possivelmente pela primeira vez no Estado] cinco orquestras - sinfônicas e de câmara - apresentaram-se em um espaço de apenas um dia e meio e trouxeram um amplo repertório, que abarcou de Haydn a Laurindo de Almeida, passando por Darius Milhaud e Rossini. Confira aqui um breve resumo dos concertos.

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A Orquestra de Câmara da Cidade de João Pessoa apresentou-se em Olinda no sábado (10) às 11 da manhã, na Igreja da Sé, com obras de José Alberto Kaplan (Abertura festiva, um releitura de El Salon Mexico de Aaron Copland em que temas nordestinos são trabalhados dentro da estrutura formal da peça do norte-americano), Villa-Lobos (Fantasia para sax alto e orquestra de câmara, tendo como solista o professor Arimateia Veríssimo e que substituiu o inicialmente divulgado Concertino para violino e orquestra de Clóvis Pereira) e Darius Milhaud (suíte Saudades do Brasil, inspirada em bairros e ruas cariocas).

O maestro Carlos Anísio pediu licença de forma bem humorada, "Músico não sabe como começar a falar e quando parar de falar", para fazer as preleções das obras e orientou o público em particular informando os movimentos da peça do compositor francês, que teve contato com Villa-Lobos e a música popular carioca durante a Primeira Guerra Mundial, quando trabalhou como adido diplomático no Brasil.

OCCJP e o maestro Carlos Anísio. Foto: Renato Spencer - Ateliê Santo Lima

Às 16h, na Igreja do Monte, o concerto não foi propriamente o de uma orquestra sinfônica, mas de seus naipes separados. No fechamento oficial das oficinas de instrumentos da Etapa Educativa da MIMO 2011, os alunos de cordas dedilhadas, cordas friccionadas, madeiras e metais apresentaram-se nesta ordem, sob a respectiva regência de Marco César, Nayran Pessanha, Elione Medeiros e João Luiz Areias. Os alunos de metais brindaram o público com obras além do programa divulgado, e o violonista Guilherme Calzavara atuou como solista do Concerto para violão n° 1 de Laurindo de Almeida, ainda no início.

Sempre com a respeitosa atenção das irmãs beneditinas na primeira fila, estava também presente na Igreja do Monte o compositor mineiro radicado na Paraíba J. Orlando Alves, cujo stravinskiano Concerto breve para sopros foi tocado pela segunda vez na MIMO (a primeira, em 2007). Ao lado de Orlando, o  compositor pessoense Marcílio Onofre, um dos mais premiados do país em sua geração.

Prof. Marco César regendo os alunos da oficina de cordas dedilhadas. Foto: Beto Figueiroa - Santo Lima

No Recife, a Orquestra de Câmara de Toulouse tocou às 18h30 na Basílica do Carmo (cuja iluminação preparada pela MIMO enfatizou de forma primorosa o altar-mor do templo) e conseguiu compenetração extrema do público durante as peças de Mozart, Chostakóvitch e Britten.

O estudante de música Lucas de Moura, que estava presente, falou para o Blog da MIMO sobre o desempenho da orquestra e as apresentações da MIMO 2011 que tem acompanhado: "Eu vim pela expectativa de ver uma orquestra de câmara com nível europeu e pelo repertório: [os músicos franceses] são excelentes. Fui antes ao concerto de Ballaké Sissoko e Vincent Segal, de Arthur Verocai, cujos arranjos são muito legais, e de Alex Tassel, e peguei parte do de Arrigo Barnabé".

Foto: Renato Spencer - Ateliê Santo Lima

Na manhã do domingo, a Igreja da Sé lotou novamente, desta vez para o concerto de encerramento do Curso de Regência da MIMO 2011, ministrado por Isaac Karabtchevsky. Mais detalhes, nesta reportagem do Bom Dia Pernambuco.

Preleção de Isaac Karabtchevsky. Foto: Renato Spencer - Ateliê Santo Lima

E, para encerrar a maratona orquestral, a Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte fez lotar a Igreja da Madre de Deus no início da noite do domingo, no Recife Antigo. Para além do destaque dado ao jovem violoncelista Diego Paixão, solista no primeiro Concerto de Haydn, e da Suíte Vila Rica de Camargo Guarnieri, cujo Baião final rendeu o bis, o público entusiasmou-se realmente com Brasil Amazônico, de Dimitri Cervo. Abaixo você vê a íntegra da execução da peça, que rendeu muitos cumprimentos ao compositor após a apresentação. 

 

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