segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Encerramento

É com muito pesar que nos despedimos de mais um ano da MIMO. Sempre fica aquela ressaca, aquele gostinho de quero mais, aquela saudade de acordar todos os dias e correr para ver a programação, preparar as pernas para mais um sobe e desce de ladeiras em ritmo apressado a fim de não perder o próximo concerto. A pausa nas barraquinhas de tapiocas e acarajés para fazer aquele lanche e aguentar a maratona.

Ano após ano existe sempre grande expectativa em torno do line-up que virá. As edições anteriores sempre ficam rodeando nosso imaginário e esperando que a próxima continue nos presenteando com tantas atrações de qualidade - assim como foi mais uma vez esse ano.

Nesses nove anos de história, a MIMO sem dúvidas entrou para o hall dos melhores (senão o melhor) eventos de música instrumental do país e só fez crescer. Ano que vem, a mostra ganha sua décima edição e como sempre quem vai ganhar o presente somos nós, que teremos o prazer de poder conferir mais uma edição de sucesso. Parabéns à toda a equipe que faz esse festival acontecer. Que venha 2013!

Foto: Beto Figueiroa

Final apoteótico, com fogo e tambor

Crédito: Beto Figueroa/ O Santo/ Divulgação
Fosse em uma das ladeiras da Cidade Alta e não na Praça do Carmo, quem esteve no show de encerramento da MIMO ontem, com o maestro Letieres Leite e sua Orkestra Rumpilezz, bem que poderia ter se sentido no Pelourinho, de Salvador. A apresentação começou às 20h30, acompanhada por uma multidão que lotava Olinda desde as primeiras atrações do dia e foi engrossada pelos que curtiam as prévias carnavalescas que já tomam conta dos domingos na cidade.

Notoriamente feliz por participar do evento, Letieres afirmou que era uma honra estar em Pernambuco, estado de grande riqueza musical, e mostrou que de qualidade e música ele entende. Foi irretocável e contagiante a execução das composições do disco homônimo, lançado pela big band em 2009. Faixas como Anunciação, Dazarábias e Temporal arrancaram palmas da plateia, que vibrava com a percussão potente e os instrumentos de sopro que conferiam o toque de jazz. Teve até homenagem a Neguinho do Samba.

Ao final do concerto, e também da Mostra, era impossível querer ir embora. Letieres entendeu e presenteou o público com BIS e uma apoteose que só os tambores baianos e o fogo poderiam propiciar - cuspidores deram um tom circense ao espetáculo, no meio do público. As entidades do candomblé abençoaram a MIMO e deixaram os bons agouros para a edição que vem. Olhando os sorrisos nos vinte músicos de branco no palco e dos presentes no show, ficou a sensação de que se o próximo ano tiver metade da energia boa de ontem, já estará a contento.
 

Virtuosidade de Arismar impressiona

Foto: Beto Figueiroa/O Santo
Apesar encerrada a programação na Igreja da Sé, muitos subiram as ladeiras de Olinda na noite deste domingo, último dia da MIMO 2012, para conferir a apresentação do multi-instrumentista Arismar do Espírito Santo, no Seminário de Olinda.
Mostrando bastante virtuosidade com as cordas, seja no violão ou na guitarra, o músico apresentou o repertório de seu mais recente trabalho, "Alegria nos Dedos", sendo acompanhado por uma flauta transversal e um trombone, e transitou por diversos ritmos como o samba, o jazz, valsas e chorinhos.
Com 37 anos de carreirra, Arismar já mostrou seu trabalho em diversas partes do globo, tendo tocado com Hermeto Pascoal, Dori Caymmi, João Donato, Paquito D’Rivera, Toninho Horta, Ivan Lins, entre outros. Hoje em dia, o músico também ministra aulas.
"Já acompanhava a algum tempo a carreira de Arismar e não conhecia esse novo trabalho dele. Gostei bastante das músicas e de sua apresentação", comentou a aposentada Maria José dos Santos.

Eu estive na MIMO

Foto: Facebook

Neste último "Eu estive na MIMO", conversamos com a estudante de Ciências Sociais, Tainã Ramos Leal. Olindense, ela falou sobre sua relação com o festival, e shows que lhe marcaram. 

Eu acho que a MIMO é importante porque movimenta o Sítio Histórico de Olinda, mas principalmente porque aproxima as pessoas para um tipo de música que elas não estão tão acostumadas a consumir. Um dos melhores shows que eu tive a oportunidade de assistir no festival foi o de Philip Glass, no ano passado. Eu queria muito ver um show dele e a MIMO me deu essa chance, de ver um show incrível, e ainda por cima de graça. Não vi muitas apresentações neste ano, mas assisti o Duo Assad do lado de fora da Igreja da Sé, e foi muito bom, o som estava ótimo e todos estavam respeitando, o que é um ponto bastante positivo do festival, o público atento e realmente interessado na música.

Lu Araújo fala sobre a MIMO 2012

Foto: Beto Figueiroa/Usefoto
Ao final de doze dias de evento, afora os de preparativos, a exaustão é visível, mas não o suficiente para tirar a expressão de satisfação de Lu Araújo, diretora executiva da Lumearte - empresa que produz a MIMO. Poderíamos estar exagerando nesse ponto, porém, a cada conversa com frequentadores de concertos, músicos, jornalistas e outros mais, não faltaram sorrisos, balanços positivos e ideias para a traçar os planos para 2013, no décimo ano da Mostra. Em depoimento especial para o Blog da MIMO, Lu explica o porquê de sua alegria.

Estou de alma lavada. Mais feliz impossível.

Tivemos nos últimos anos uma evolução não só econômica como cultural no país. Por isso, a MIMO está vivendo um boom, mas não é possível que isso seja somente com a MIMO. É pra ser no Brasil todo.

O brasileiro adora música. É muito interessado por novos gêneros, ritmos, artistas, e tudo isso nós trazemos para cá para Olinda, Recife e João Pessoa, além de Ouro Preto.

A Etapa Educativa lotada, os concertos também... Valeu a pena. Tenho certeza que a gente está fazendo bem pra muita gente. Sempre prezando pela diversidade musical. Este ano foram artistas de Cuba, Portugal, Camarões, França...

A gente percebe, ao final das contas, que não há limites pra música.