sexta-feira, 7 de setembro de 2012

MIMO no Instagram

Para quem ainda não estava sabendo que a MIMO também está no Instagram, é só clicar aqui e nos seguir.

Eu estive na MIMO

Foto: Facebook
Fred Lyra, guitarrista e integrante do Duo Mojav, acompanha o Blog da MIMO desde a sua criação, em 2009. Nesta edição da Mostra, ele compareceu ao show de Cyro Baptista e ao workshop que o percussionista promoveu. A nosso convite, Fred preparou um resumo do que achou de ambas as ocasiões:

"No concerto de ontem (06/09) Cyro Baptista apresentou uma recriação muito livre de vários temas - presentes em composições de Villa-Lobos, compostos por ele ou extraídos do folclore brasileiro. Contando com uma banda de sete músicos, todos tocando ao menos dois instrumentos durante o concerto e com destaque para o violonista (que também tocou cavaquinho e samplers) Romero Lubambo, Cyro se utilizou de elementos do rock, jazz, da música balinesa, da música brasileira e de muita interação para que o som se concretizasse. Ao final ainda regeu os músicos criando uma improvisação coletiva contrapontistica muito interessante.

"No workshop de hoje, fugindo do usual, ele apresentou todos os músicos da banda: 3 brasileiros, 2 americanos, um israelense e um argentino e deixou que cada um falasse da sua história, seus trabalhos e tocasse um pouco os seus instrumentos. Foi muito interessante perceber como diferentes universos podem convergir e criar uma música muito orgânica tendo como célula fundamental os conceitos de Cyro Baptista, porém com liberdade total para cada um dos componentes colorir esses conceitos da sua forma pessoal. Foi um grande exemplo de generosidade e universalidade da música, creio que todos que estavam presentes saíram com boas ideias e oxigenados para suas próprias jornadas".

Clássicos e modernos na tarde deste sábado

Às 17h deste sábado, no Teatro de Santa Isabel, Centro do Recife, os alunos selecionados na sexta edição do Curso de Regência irão dirigir a Sinfônica de Barra Mansa no concerto de encerramento das aulas que tiveram com o maestro Isaac Karabtchevsky ao longo da semana.

O repertório terá quatro peças, cuja sequência coincide com a ordem cronológica em que foram escritas:

1. A abertura da ópera A flauta mágica, de Mozart (1791)
2. A Sinfonia n° 3 "Heroica", de Beethoven (1803)
3. A suíte do balé O pássaro de fogo, de Stravinski (1910 - estreia do balé completo)
4. Terra Brasilis, do compositor residente da MIMO 2012, Edino Krieger (1999)

Como as três primeiras peças são bastante conhecidas do público de música clássica, confira aqui o primeiro movimento de Terra Brasilis, que será ouvida pela primeira vez em Pernambuco:

Batidas eletrônicas no Seminário de Olinda

Divulgação

"Tambores retumbam em bits. O trompete sopra dimensões ímpares. Conexões musicais que solapam o mapa da mesmice travestida de hype." Hoje, a partir das 19h, o Seminário de Olinda vai receber o que provavelmente será uma das apresentações mais inusitadas de tudo que vem sendo apresentado até então na MIMO 2012. O Projeto CCOMA é um duo de Caxias do Sul (RS) formado por Roberto Scopel (trompete) e Swami Sagara (percussão), que transita pelo jazz e pela música eletrônica.

O estilo inovador da dupla já rendeu indicação ao Prêmio da Música Brasileira em 2010, na categoria "Melhor Álbum Eletrônico" pelo álbum Incoming Jazz, de 2010. A dupla traz para o Sítio Histórico de Olinda o show de estreia de seu mais recente álbum, Peregrino (2012), que, assim como o próprio nome, se apropria das linguagens rítmicas e melódicas de diversas partes do planeta. 

O disco é composto de 10 faixas, com várias participações especiais como a do nosso recifense Di Melo nos vocais da afrobeat "Xangô é Rei", Zeca Baleiro, Luciano Sallun e a do DJ e produtor Moises Matzenbacher, atualmente radicado em Londres. Para realizar suas aproximações musicais, gênero que vem sendo chamado future jazz, a dupla utiliza instrumentos como percussão, hang drum, trompete, "berimbaixo" (mix de berimbau e baixo), theremin e o "claricano", uma espécie de clarinete elaborado com canos de PVC, criação de Scopel.


CONCERTO | Projeto CCOMA
DATA | 07/09
HORÁRIO | 19h
LOCAL | Seminário de Olinda

Arnaldo Baptista fala com exclusividade para o Blog da MIMO

O Blog da MIMO conseguiu com exclusividade ontem a honra de poder entrevistar um dos maiores ídolos da música que revolucionou o rock n' roll nacional a partir do final dos anos 60: Arnaldo Dias Baptista, ex-líder da banda Os Mutantes e que apresenta seu concerto solo "Sarau o Benedito?" logo mais às 18:30 no Teatro Santa Isabel. O áudio da entrevista foi captado pelo microfone interno da câmera e por isso ficou difícil retirar os ruídos externos. Sejam compreensivos!

Arnaldo falou um pouco sobre seus projetos atuais do mesmo modo espontâneo e sincero com o qual costuma ser reconhecido.

Gostaria de agradecer em especial a sua assessora direta, Sônia Maia, bastante gentil e atenciosa, tornado-se peça fundamental para que a entrevista acontecesse, além também da Lucinha, esposa do Arnaldo.

Sem mais, assistam e confiram o depoimento de Arnaldo Baptista na tarde do dia 06/09 no hotel 7 colinas diretamente para o nosso blog.




Nos balés do sucesso

Com coragem e apoio de amigos como Fernando Catatau, Siba Veloso deixa de lado sua companheira por longos anos nos trabalhos com Mestre Ambrósio e a Fuloresta, e no seu disco solo lança mão da guitarra ao invés da rabeca. Com letras intensas e de uma literatura muito bonita e própria, é perceptível que o músico se dedicou à preparação desse recente trabalho com muita sinceridade. O resultado disso são shows lotados por onde tem passado desde o lançamento de Avante, e elogios da platéia e dos críticos.

Para documentar toda esta trajetória, Siba - Nos balés da tormenta, o documentário em longa-metragem exibido hoje às 19hs no Pátio da Igreja da Sé, mostra um pouco da história do cantor e do disco novo, desde a concepção até sua gravação finalizando com a primeira apresentação ao vivo do trabalho final.

Para conferir um pouco do que se trata, os diretores Caio Jobim e Pablo Francischelli prepararam uma versão curta do documentário:



"Siba - Nos Balés da Tormenta" from DobleChapa on Vimeo.

Lembrando que quem perder a exibição hoje, tem nova chance de assistir amanhã às 18hs no Mercado da Ribeira. 

***

Outro longa-metragem também faz parte da Mostra MIMO de Cinema de hoje e será exibido no Mercado da Ribeira às 20h30: 

O liberdade, de Cíntia Langie e Rafael Andreazza


foto: divulgação
A história do bar e restaurante Liberdade, reduto do choro no Sul do Brasil, onde o compositor e cavaquinista Avendano Junior se apresentou por mais de 30 anos. O filme tem participações de Vitor Ramil e Yamandu Costa.


Doc | 71min | 2011 | Pelotas / RS | Livre 
Direção: Cíntia Langie e Rafael Andreazza / Produção: Alexandre Mattos / Roteiro: Cíntia Langie e Rafael Andreazza / Fotografia: Alberto Alda / Montagem: Cíntia Langie / Trilha sonora: Avendano Jr.
Doc | 71min | 2011 | Pelotas / RS | Livre 

Feriado é dia de Arnaldo Baptista!


Gênio inegável da música brasileira, Arnaldo foi a espinha dorsal dos Mutantes permanecendo no conjunto até “O a e o Z” (apesar do álbum ter saído apenas em 1992, as gravações reais datam de 1973). Logo na sequência, encara um período difícil na sua carreira e vida pessoal, mergulhando em um mundo profundo, obscuro e só dele - lugar onde quase ninguém era capaz de chegar -. Eis que em 74’ um “boom” na vida do músico ecoava, ao lançar uma das maiores obras-primas do legado musical, o Lóki, disco que consagrou o músico após a saída dos Mutantes, arrancando muitos elogios da crítica, principalmente pela maneira verdadeiramente nua e despida de qualquer vaidade que esse álbum foi feito. Tornando-se um retrato visceral de tudo aquilo que havia vivenciado até o momento.

Quatro décadas depois, o eterno mutante volta aos palcos em seu concerto intimista “Sarau, o Benedito?”.  A apresentação promete arrebatar os corações dos fãs recifenses que esperaram 5 anos desde a última estadia do músico na cidade, em 2007 no festival Abril pro Rock, ainda ao lado dos Mutantes.

Para essa turnê, Arnaldo realizou um desejo próprio de somar o trabalho musical ao de artista plástico que há muitos anos faz parte do seu cotidiano. Serão projetados em telões alguns dos quadros que o compositor pintou ao longo de sua vida, oportunidade para o público conhecer também uma outra vertente artística que pulsa dentro deste talentoso músico. No repertório estão alguns clássicos dos Mutantes como “Balada do louco”; várias do lóki, a exemplo de “cê tá pensando que eu sou lóki” e “Não estou nem aí”; alguns covers como Beatles, The Mamas and the Papas, Elton John e também inéditas que estão para ser lançadas em disco novo como “I don’t care”. Tudo isso acompanhado apenas de um piano de cauda, instrumento que se dedica além do contrabaixo (Gibson, é claro!)

Hoje o dia é dele, o feriado no Recife chegou para receber seu mais ilustre visitante: Arnaldo Dias Baptista, nosso eterno mutante. 

CONCERTO | Arnaldo Dias Baptista em Sarau o Benedito?
DATA | 07/09
HORÁRIO | 18:30 hs
LOCAL | Teatro Santa Isabel

Mostra MIMO de Cinema - Curtas do dia

A Mostra MIMO de Cinema segue hoje no seu terceiro dia. Quem chegar no Seminário de Olinda, irá assistir a partir das 18hs os seguintes curtas metragem:

Celeste, de Rodrigo Grota 

"Uma confissão e uma canção."
Fic | 3min | 2012 | Londrina/PR | Livre
Direção: Rodrigo Grota / Produção: Kinoarte - Filmes do Leste / Roteiro: Rodrigo Grota / Fotografia: Guilherme Gerais / Trilha sonora: Gisele Almeida
Fic | 3min | 2012 | Londrina/PR | Livre
Zero, de Sacha Bali
"Um taxista se olha no espelho e não se reconhece, pois abandonou sua essência em algum lugar do passado. Sem falas, com trilha original à base de rabeca e piano, “Zero” é uma dança no tempo."
Fic | 14min | 2012 | Rio de Janeiro/RJ | 12 anos
Di Melo - O Imorrível, de Alan Oliveira e Rubens Pássaro
"A trajetória de Di Melo, cultuado músico da soul music brasileira. Tendo gravado um único disco em 1975 e sumido, Di Melo reaparece depois de mais de 30 anos para se declarar “Imorrível”."
Doc | 24min | 2011 | Recife/PE | 16 anos
Com vista para o céu, de Allan Ribeiro
"Homem e mulher tentam contato em uma grande metrópole, diante de tamanha incomunicabilidade, onde o som urbano invade os espaços."
Fic | 10min | 2011 | Rio de Janeiro/RJ | Livre
Direção: Allan Ribeiro / Produção: Ana Alice de Morais / Roteiro: Allan Ribeiro e Douglas Soares / Fotografia: Daniel Bustamante / Montagem:Allan Ribeiro / Trilha sonora: Adoniran Barbosa 
Fic | 10min | 2011 | Rio de Janeiro/RJ | Livre

Bom, este último me chamou atenção em particular pela foto apresentada como divulgação:

Fiquei encasquetada que na foto era a Adriana Calcanhoto, e pra mim ela era só cantora e não atriz. Procurei então um contato com o diretor Allan Ribeiro, que foi super gentil em ceder algumas informações para o Blog da MIMO

Inspirado em um fato real, ele contou que o amigo e professor de Cinema da UFF, Maurício de Bragança, cantou uma certa vez uma música do Adoniran Barbosa - que também é a trilha do filme - com uma vizinha que jamais chegou a conhecer. Junto a isso, usou de inspiração os sons que invadiam seu próprio apartamento, usado como locação, para criar a história. Quando perguntei como foi essa experiência de dirigir a cantora, ele disse que "a Adriana Calcanhotto é apaixonada por cinema e curtiu muito esta primeira experiência como atriz. Ela está muito diferente no filme e algumas pessoas só se dão conta que é ela nos créditos finais." E essa parceria deles deu tão certo que rendeu dois videoclipes para o DVD Partimpim, trabalho da cantora voltado para crianças e que já vai em seu segundo volume. Os vídeos você pode conferir aqui e aqui.


***

Lembrando que para a Mostra de Cinema não é necessário pegar senha e os curtas de hoje serão reexibidos amanhã no Mercado da Ribeira no mesmo horário, 18hs.


Eu estive na MIMO

foto: cedida pela entrevistada

No nosso espaço reservado para depoimentos de frequentadores da MIMO, hoje trago o depoimento de Viviane Pinto, que infelizmente não conseguiu vir para a edição desde ano mas, como sempre morou em Olinda, fala da importância do festival.

Qual a importância da MIMO na sua opinião para Olinda?
Acredito que a MIMO é um evento que representa perfeitamente a alma de Olinda. A cidade alta é bela no cartão postal mas também é habitada por pessoas, é uma cidade vibrante e com uma vocação cultural muito grande. 
E, tendo familiares que vivem na cidade alta, posso dizer com segurança que a MIMO é um evento com aprovação unânime entre os moradores de lá! Agrada a todos. Fora que é uma ótima oportunidade para pessoas de outras cidades e estados conhecerem as belezas de Olinda. Por incrível que pareça, tem gente que mora em Recife e nunca vai a Olinda, a não ser durante a MIMO.

Qual o show que mais te marcou na história da MIMO e esse ano o que você acha que será mais marcante?
Um dos melhores shows que já assisti na minha vida foi o de Tom Zé, em 2010, na praça do Carmo. Eu já era apaixonada pela música e genialidade de Tom Zé, e já tinha visto vários shows dele na televisão e na internet mas ao vivo foi absolutamente emocionante! Ele é um showman! Carismático e divertido, conseguiu fazer todo mundo dançar e cantar. Jovens e velhos, universitários e vendedores de espetinho, quando eu olhava pros lados via todo mundo curtindo aquele momento. Sabe aqueles shows que no final tem muito mais gente na platéia do que no começo? Foi isso! Quem tava lá longe via como tava divertido e vinha correndo pra pertinho do palco.
Infelizmente, este ano não poderei ir pra MIMO porque estou morando em outro estado, mas se estivesse em Pernambuco certamente já estaria na fila pro show de Arnaldo Baptista! Acho que vai ser mágico vê-lo tocando piano no palco do Teatro de Santa Isabel (que já é um lugar mágico por si só).

Quarteto hi-tech, hoje e amanhã na MIMO

Se você nunca tinha visto um conjunto musical substituir partituras impressas por digitalizadas, não perca os concertos do Quarteto Borromeo hoje e amanhã na MIMO.

O uso de laptops e projeções em tela deve-se à opção dos músicos do grupo por acompanhar a partitura integral (a grade) da obra em lugar da parte isolada para cada instrumento, permitindo-se uma visão de conjunto maior durante a execução.

Os recitais com o conjunto norte-americano acontecerão nesta sexta em João Pessoa - na Basilica de N. S. das Neves, às 20h - e no sábado, no Recife - na Basílica do Carmo às 18h30.

Confira uma entrevista do Quarteto Borromeo ao Estado de São Paulo, onde eles falam sobre a proposta de integração tecnológica que desenvolveram.

Sexta é dia de música clássica

Com o concerto dos professores da Etapa Educativa da MIMO 2012, ontem, foi aberta a programação de música clássica da mostra, que continua em dose tripla nesta sexta, no Sítio Histórico de Olinda, e pode ser acompanhada pelo público em sequência, sem a menor pressa entre uma apresentação e outra:

- Desta vez na Igreja da Misericórdia (não na do Convento de São Francisco, como nos anos anteriores), em Olinda, o Duo Milewski traz seu repertório de peças para violino e piano que mesclam música popular brasileira, folk norte-americano e europeu e compositores de música clássica polonesa. O início é às 16h.

- Já no Mosteiro de São Bento, às 18h, o repertório será de música antiga, com o grupo vocal-instrumental Calíope, que apresenta uma ampla e versátil formação. Confira um pouco da atuação do Calíope no vídeo a seguir.



- Por fim, a atração principal da noite ficará por conta do mais importante duo violonístico da atualidade, o Duo Assad, que atua desde os anos 1970 e gravou, naquela época, um disco junto com a Orquestra Armorial. A apresentação na Igreja da Sé, às 20h30, promete trazer composições da própria dupla e de compositores contemporâneos, além de transcrições duo de violões.

Quem não PUDER sair de casa (pois QUERER nós sabemos que vocês querem), é só acompanhar os concertos por este link.

Orquestra Experimental e James Strauss: um bom começo

foto: Beto Figueiroa

No primeiro concerto deste ano na tímida porém belíssima Igreja da Misericórdia, a platéia já ocupava quase todos os lugares quando a Orquestra Experimental de Câmara começou sua apresentação às 16hs. Regidos pelo maestro Israel de França, os doze músicos com as suas cordas faziam o fundo para o solista James Strauss mostrar toda sua habilidade na flauta transversa que, demonstrando muita tranquilidade, ao final de cada música arrancava aplausos da platéia.  Após a participação de Strauss, que contou com um bis duplo, a apresentação seguiu e até mesmo o maestro executou duas músicas ao violino, solando ao lado de uma das moças do grupo. Voltando à posição original, Israel de França anunciou a execução dos 4 movimentos da sinfonia nº40 de Mozart para encerrar a apresentação de um pouco mais de uma hora de duração. 

Um show de muitas possibilidades


Foto: Tiago Calazans
No repertório funk, soul, samba, jazz e bossa. Desde o início até o fim, a banda carioca cheia de groove, mostrou saber bem passear pelos mais variados estilos, sem soar clichê ou obsoleto. Quando você estava convencido que a batida era um funk, eles vinham e mudavam a direção da canção para outra levada também cheia de swing,

Executando temas que vão desde trilha sonora de filmes, exemplo de “pantera”, - música inspirada nos filmes policiais - à novelas e séries TV, a pegada era sempre forte com os metais e percussão como carros-chefes da apresentação.

Com a participação do consagrado compositor e arranjador da bossa nova, Marcos Valle, a performance só fez crescer, somando o talento de duas gerações distintas, porém uma não menos talentosa que a outra. Marcos introduz logo de cara duas de algumas de suas composições bem-sucedidas que foram temas de novelas: “Azymuth” (nome que veio a ser adotada pela banda carioca) e “Selva de pedra”, já famosa do grande público.

Apesar disso, o público presente parecia em parte alheio à apresentação que via e pouco vibrava com o ritmo cheio de afrobeats com forte influência percussiva. Da metade pro final do show os músicos ousaram convidar a igreja a cantar junto o tema "Hey Salomão", porém sem sucesso. O clima morno permaneceu inerte até o final, quando ao voltarem para o BIS, a maioria desinteressada já tinha dispersado, ficando apenas parte dos que já tinham deixado a timidez de lado e se rendido à pegada latina.

Villa, sob múltiplos estilos

A banda do percussionista Cyro Baptista tinha uma instrumentação convencional até certo ponto: bateria, guitarra, contrabaixo e violão. Mas o bandoneom e, claro, a ampla percussão proporcionavam o incremento das possibilidades sonoras do grupo, que foram bem exploradas no concerto da Igreja da Sé na noite passada.

Mesclando peças do espetáculo Vira Loucos, do folclore brasileiro e do próprio Cyro Baptista, o repertório alternava leituras mais experimentais - em que eram explorados timbres ainda exóticos à maioria do público, como o da harpa de boca e o de um metalofone balinês, tocado a oito mãos - com arranjos que soavam mais familiares, nem por isso menos engenhosos.

Um exemplo foi o da Cantiga da Bachianas n° 4, que começou mais fiel à versão orquestral da peça, reproduzindo entre bandoneon e contrabaixo o belo contraponto do original, para depois se transformar em um forró, ao estilo de Geraldo Azevedo e Elba Ramalho, e finalizar com uma levada mais hard rock, tendo sido uma das músicas mais aplaudidas.

Falando com um perceptível resquício de sotaque norte-americano, Cyro afirmou que, apesar de ter sido seu primeiro show no Estado, a música pernambucana era muito importante em seu trabalho e deu mostra disso ao longo das peças seguintes, onde - de forma mais explícita ou não - estavam lá as células rítmicas do baião, mas também as do samba, da bossa nova e do jazz.

Duas primeiras vezes

O concerto da MIMO in Concert desta noite que passou teve dois marcos: foi a primeira apresentação da MIMO na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, em Olinda, e o primeiro exclusivamente protagonizado pelos professores da Etapa Educativa da MIMO, que antes participavam apenas quando integravam outros grupos musicais.

O repertório constou basicamente de transcrições e peças originais dos períodos barroco e romântico e de Pixinguinha, mas em formações pouco comuns - mesmo para a música de câmara de compositores standard, a exemplo do Trio para piano, violino e trompa op. 40 de Brahms.

Apresentaram-se a violinista Ana de Oliveira, a pianista Aleida Schweitzer, o fagotista Elione Medeiros (natural de Pernambuco e residente no estado do Rio), o trompista Antonio Augusto, o trombonista João Luiz Areias, o violonista Caio Cezar (também pernambucano radicado no Rio) e o bandolinista Marco César, conhecido professor do Conservatório Pernambucano de Música.

No geral, o público testemunhou uma apresentação calma, compenetrada, mas nem por isso deixou de prestar a devida calorosidade ao final das peças, reconhecendo a destreza de cada interpretação.