domingo, 5 de setembro de 2010

Chopin, não: Szopen

Homenageado pelo Duo Milewski e por Jorge Armando, Chopin mereceu um comentário engraçado e pertinente sobre um fato que poucas pessoas sabem.

Para os poloneses, Chopin (pronunciado, como todos nós aprendemos, Chopan - oxítona) é Szopen (pronunciado Chôpen - paroxítona).

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Porém, todas as duas formas são corretas, e o sobrenome de batismo realmente é em francês, herdado do pai do compositor.

"Direito de resposta" e um Adagio como última música

Dentre as várias tiradas espirituosas que Jerzy Milewski proferiu durante o concerto do início da noite de hoje no Convento de São Francisco, houve o momento em que ele apresentou Jorge Armando, dizendo que o violoncelista era do Rio Grande do Sul. Jerzy perguntou com simpática malícia se o público imaginava em que cidade Armando nasceu. Todos foram induzidos a responder Pelotas, mas o pediu o microfone em "direto de resposta" e explicou amistosamente ao público que é natural de Porto Alegre.

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E logo antes de tocar o Adagio sostenuto de Chopin, Jerzy exprimiu sua paixão pela obra: "Já disse várias besteiras hoje e vou dizer mais uma: Acho tão bonito esse Adagio que gostaria que ele fosse tocado no meu enterro". Foi a única frase do concerto sem despertar a alegria do público, porém todos entenderam depois da música o porquê desse desejo.

Ar fresco, sem voar partituras

Em menos de 24h surgiu uma solução para os inconvenientes ventiladores que estavam colocados no Convento de São Francisco, os quais - além de barulho - faziem voar as partituras dos músicos: simples torres de ar, fixas em uma direção. Ponto positivo pra produção.

Haja homenagem!

Foto: Rafael Moura

Antônio Madureira e Sérgio Ferraz apresentaram hoje, na Igreja Rosário dos Homens Pretos, em Olinda, o repertório do CD "Segundo Romançário". Num show impecável, iniciado pela música Romançário, de autoria do violonista, o público que lotava a igreja pôde presenciar uma série de homenagens. Cecília e Bebete, companheiras de Madureira e Ferraz respectivamente, além do Mestre Salu e da poetisa Cecília Meireles, foram os contemplados da noite. As homenagens, assim como todas as músicas da noite, foram antecedidas por explicações que inseriam o público no contexto de cada estilo musical. E eram muitos, diga-se de passagem. Com influências diversas, que iam desde as valsas francesas, a música flamenca, o cavalo marinho e a música armorial, a dupla encantou pela simpatia, mas também, e principalmente, pela virtuosismo e sentimento presente em cada execução.

Oficina da Musica


Fotos: Allissa Andrade

Ontem encontramos um local em Olinda onde o público que frequenta a MIMO pode encontrar CD's, Livros sobre música voltados para o regional e nacional. Trata-se da Oficina da Música. É uma ótima pedida para quem quer se interar mais sobre os artistas de cada região do Brasil. Além disso, a loja também conta com um espaço reservado para o artesanato e roupas com temáticas voltadas para a música.

O espaço já tem 11 anos de tradição e está com a loja recém-aberta há 4 meses em Olinda. A perspectiva dos responsáveis é em breve abrir um espaço com banda ao vivo e um bar, conferindo mais conforto e diversão aos seus clientes. Uma bela surpresa foi saber através de um dos responsáveis: Everaldo, mais conhecido como Maicon; que durante o festival da
MIMO a clientela do lugar aumentou significativamente.

Quem quiser conferir, a Oficina da Música fica localizada na Rua do Amparo, 33 - Amparo/Olinda.

Curadora do Festival de Cinema da MIMO destaca filmes pernambucanos na programação

Natural do Rio Grande do Sul, a cineasta Rejane Zilles já se sente meio carioca e meio olindense. Isso porque a produtora cultural e programadora do Festival Mimo de Cinema, vive no Rio há mais de 18 anos e só de MIMO tem sete anos.

Nesta edição 2010, ela destaca a consolidação da presença de filmes em paralelo com a mostra de música, com a implantação, neste ano, do I Festival de Cinema.

No vídeo abaixo, Rejane explica como são compostas as seis mostras do festival, e cita dois filmes pernambucanos que merecem atenção especial do público: Galo Preto, O Menestrel do Coco, de Wilson Freire e Mestre Nado – Um Mundo de Sons, de Lula Queiroga


Idealizadora da MIMO comemora ´filhotes´ gerados pela mostra


Produtora da Lume Arte fala sobre a Mostra (Vídeo realizado pelo Blog da Mimo)

REALIZADORES
Lu Araújo enfatiza importância do patrimônio histórico para a MIMO

Não são muitos os eventos culturais no Estado que se relacionam tão fortemente com o patrimônio artístico da localidade quanto a MIMO. Fortalecida pelo caráter de ser realizada em Olinda, cidade tombada pela Unesco, a mostra que completa sua sétima edição, agora, em 2010, consolida sua força e já atinge outras duas cidades, Recife, e João Pessoa, na Paraíba (desde do ano passado).

Essa realidade da MIMO, considerada umas das mostras de música mais importantes do Brasil, só se tornou possível pelo trabalho da idealizadora do projeto de concepção artística do festival, a curadora e produtora cultural, Lu Araújo, da cineasta Rejane Zilles e do diretor artístico, André Oliveira.

"A MIMO tem um muito ponto forte, ela consegue agregar cada vez mais os grandes mestres música, de 200, 300 e 400 anos em conjunto com um excelente recorte do cenário da música contemporânea", afirma Lu. Segundo ela, o caminho agora é consolidar cada vez mais o seu fortalecimento no contexto cultural da região. Mas, por enquanto, a participação de outras cidades na mostra ainda não foram confirmadas até então. Agora é torcer por mais ´filhotes´.

Mais

Documentário de Wilson Freire resgata tradição do coco


A estrela do filme é o Mestre Galo Preto. Na narrativa do documentário de 47 minutos, é possível conhecer a fundo a história de Tomaz de Aquino Leão, representante vivo da tradição do coco do Quilombo de Santa Isabel, localizado no município de Bom Conselho, agreste do Estado. E não é só. No vídeo, não faltam imagens históricas sobre a cultura e o imaginário popular recriado por esse brincante. O grande destaque fica por conta da linha do tempo marcada pela presença do negro na mídia, retratada de forma surpreendente pela força de autoestima que se vê nesse mestre.

Ficha técnica
Roteiro e Direção Wilson Freire Produção Alexandre L’Omi L’Odò Fernando Lucas Fotografia Hamilton Costa Filho Marcelo Pedroso Mariano Pickman Mariano Maestre Daniel Aragão Som Direto Rafael Travassos Philipe Cabeça e Nicolau Edição e Montagem Herivelton Santos Finalização Pingo Realização Bode Espiatório Filmes e Cabra Quente Filmes Candeeiro Filmes Quilombo Cultural Malunguinho

Festival Mimo de Cinema
Galo Preto, O Menestrel do Coco
Data: 05/09/2010
Hora: 18h
Local: Seminário de Olinda (Olinda/PE)


A nossa independência

O concerto de Leonardo Altino e Ana Lúcia Altino Garcia teve seu início atrasado em meia hora devido a uma missa que estava acontecendo na igreja do Convento de São Francisco, que contou com a presença de algumas das pessoas que iriam ficar para o concerto. Às 18h, o celebrante fazia um epílogo sempre muito oportuno para se ter em mente e dizia: "É preciso sermos independentes, pois declaramos nossa independência [em 1822] mas ainda não a conquistamos".

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No intervalo entre o final da missa e o início do concerto, os instrumentistas cuidaram de alguns retoques, como a direção dos ventiladores (para que as partituras não voassem), a projeção do som do piano pela igreja (para não abafar o som do cello) e altura da estante [de partitura] de Leo Altuno. Depois de tudo ok, a entrada foi liberada para o ávido público.

Pra relembrar!

Aos que viveram os anos 70 e tiveram a oportunidade de assistir aos concertos do Quinteto Armorial, vale a pena relembrar.

O vídeo abaixo traz um slideshow com gravuras do artista Gilvan Samico e trilha sonora do Quinteto Armorial tocando "Mourão", obra de autoria do maestro Guerra-Peixe.



Hoje

Apresentação de Antônio Madureira e Sérgio Ferraz na Igreja Rosário do Homens Pretos, em Olinda, a partir das 18:00.

Aulão

Quem quiser entender um pouco melhor o que foi o Movimento Armorial pode entrar no site de Ariano Suassuna ou clicar aqui para abrir um pdf com um breve resumo sobre o movimento.

P.S.: O arquivo em PDF foi retirado do site do escritor Ariano Suassuna e encontra-se em português e inglês.

Desafio “arromançado”

O tom armorial do CD Segundo Romançário não é por acaso. Um dos seus criadores foi membro-fundador do lendário Quinteto Armorial, ainda na década de 70. O outro, mais novo, iniciou sua carreira em meados dos anos 80 tocando em Orquestras de Câmara e acompanhou o escritor Ariano Suassuna em diversas aulas-show pelo Brasil. Os dois se conheceram numa dessas aulas e o resultado está no repertório que compõe o CD. Apostando na linha tênue entre a música erudita e o repertório popular, o Segundo Romançário passeia por referências à música flamenca, à valsa vienense, ao pé-de-serra nordestino e às canções trovadorescas da idade média, sempre apoiado no virtuosismo dos seus músicos, seja nas harmonias do violão Sugyama de Antônio Madureira, seja nas melodias do violino de timbre rouco de Sérgio Ferraz.


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Antônio Madureira e Sérgio Ferraz se apresentam hoje, às 18:00, na Igreja Rosário dos Homens Pretos, em Olinda.

Desenrock-se


Um dos músicos mais vigorosos e incompreendidos da história da música brasileira, Tom Zé é sinônimo de criatividade e versatilidade em mais de 40 anos de carreira. Nascido em Irará, ainda jovem estudou música na universidade federal da Bahia, mudando-se para são Paulo em meados dos anos 60. Lá ajudou a criar aquele que seria um dos movimentos mais importantes da música brasileira: o tropicalismo.

Com base em seu conhecimento musical, Tom Zé mergulhou no experimentalismo incorporando em seus arranjos e orquestrações objetos de uso cotidiano em simetria aos instrumentos musicais, criando dessa forma um som próprio e único, unindo o erudito e o popular. E apesar de suas composições serem consideradas complexas e herméticas por muitos, Tom Zé possui grande interação com o público durante os shows e é sem dúvidas um dos artistas mais originais e influentes no cenário musical brasileiro.

Hoje poderá ser conferido mais um filme sobre a história do músico Tom Zé. Com base em uma oficina ministrada na Espanha, a narrativa conta um pouco de suas histórias e obras, viajando por décadas passadas, a fim de elucidar e redescobrir os feitos das experimentações realizadas pelo músico.

Filme: Tom Zé Astronauta libertado
Local: Mercado da Ribeira
Horário: 20:00 hs.

Bossa-Rock

Quem poderia dizer que algum dia ouviria uma bossa nova, símbolo maior da musicalidade brasileira, convivendo em perfeita harmonia com o rock? Não há dúvidas de que se nos transportássemos à décadas passadas, lembraríamos da famosa marcha contra a inserção das guitarras elétricas na música brasileira. Por sorte, essa manifestação não ganhou forças e hoje podemos ouvir essa fusão com naturalidade e alívio. Ousados, Dado e Cristina não pouparam seus talentos ao escolherem aquela que é considerada a melhor e mais regravada canção brasileira de todos os tempos: Águas de março. A música ganha muita vivacidade nas mãos da harpista e do guitarrista que surpreendem ainda na execução índios: hino de uma geração brasileira representada por Renato Russo. A apresentação da dupla acontecerá logo mais às 19:00 hs na igreja Seminário de Olinda.


Flautista de Barra Mansa executa o solo do Intermezzo da Suíte Carmen n°1 nos jardins do Santa Isabel


Confira a execução da obra (Vídeo realizado pelo Blog da Mimo)

ORQUESTRA RESIDENTE
Músico fluminense é símbolo do poder de transformação social da música

Aos sete anos, Rômulo Barbosa, conheceu a música. Participante de um projeto social na própria escola pública onde era aluno, em Volta Redonda (a 127 km do Rio de Janeiro), ele percebeu nessas aulas, que tinha dom e podia a partir da música transformar sua realidade.

Passado quinze anos, o hoje flautista integrante da orquestra residente na MIMO 2010, a Sinfônica de Barra Mansa, (cidade a apenas 30 minutos de Volta Redonda), já pode se considerar uma assumidade na flauta transversa. Mas toda a técnica com esse instrumento vem de um estudo aprofundado de cinco anos com o nosso já conhecido pífano. É daí que ele justifica o seu amor e admiração pelo Nordeste. "Em Olinda e Recife me encantam as praias, as feirinhas de artesanato e a vasta cultura da região", afirma de forma contida, mas amistosa.

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Alessandra Leão comenta sobre etapa educativa da MIMO


Cantora comenta sobre a MIMO (Vídeo realizado pelo Blog da Mimo)

AVALIAÇÃO
Há quatro anos percussionista participa de curso com Karabtchevsky

A cantora e compositora pernambucana Alessandra Leão é uma expert em MIMO. Ela acompanha desde da primeira edição em 2004, e há quatro anos participa do curso de regência comandado pelo reconhecido maestro brasileiro Isaac Karabtchevsky. "O grande mérito da MIMO é realmente essa Etapa Educativa", afirma.

Segundo ela, o destaque na formação de músicos locais fortalece ainda mais a mostra, que possui importância única para os pernambucanos. "É com a MIMO que atrações inimagináveis, ausentes durante a maior parte do ano chegam a Olinda e Recife", diz. Ela finaliza com a alegria de perceber que a mescla entre o erudito e o popular é cada vez mais real nas apresentações proposta pela programação da MIMO.

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O encontro de gigantes

20h30 - McCoy Tyner Trio com Gary Bartz (EUA) / Igreja da Sé (Olinda)

Dizem os jazzístas que McCoy Tyner exerce uma força quase gravitacional sobre os instrumentistas com quem toca. Sua magnitude ao piano o torna irresistível e os músicos simplesmente se rendem. Ao longo de seus 55 anos de carreira, firmou-se como um dos maiores expoentes da história do jazz, compondo temas que se tornaram clássicos e tocando com artistas que mudaram o curso da música, a exemplo de John Coltrane. Gary Bartz também é um ícone. Os seus improvisos com Charles Mingus e Miles Davis asseguraram seu lugar na galeria dos imortais. O encontro desses dois músicos é um evento histórico que a MIMO 2010 tem a honra de proporcionar. Alicerçados por uma seção rítmica quente, Tyner e Bartz passam por pérolas de autoria do pianista como a malemolente Blues On The Corner e a delicada Ballad for Aisha. Em Moment’s Notice, um difícil tema de Coltrane, o combo investe na fúria da improvisação desenfreada. Certamente um encontro de mestres que transcende as palavras. É preciso ver e ouvir!

Alunos de música fazem curso de regência no Santa Isabel


Imagens dos ensaios em 04/09/10 (Vídeo realizado pelo Blog da Mimo)

ETAPA EDUCATIVA
Oportunidade rara

Não podia haver chance melhor para praticar Música. A estrutura é de sinfônica, a regência fica a cargo de um célebre maestro e o espaço é admirável: o tradicional Teatro Santa Isabel, localizado no centro do Recife. Sorte, então, aos 15 alunos selecionados para participar do Curso de Regência orientado por Isaac Karabtchevsky, destacado maestro da Orquestra de Porto Alegre.

Além do suporte da batuta de Karabtchevsky, os participantes se misturam aos mais de 70 componentes da Sinfônica de Barra Mansa, do Rio de Janeiro, selecionada pelo MIMO como orquestra residente (o grupo central que dá o suporte às apresentações).

O curso iniciado no último dia 1º (estende-se até esta segunda), está concentrado em formais e técnicos ensaios de Adágio para Cordas op.11 (Barber), Sinfonia nº 8 (Schubert) e Sinfonia nº 1 (Beethoven). Ao final, vai selecionar oito executantes para pegar na batuta e comandar um concerto.


Os sete amores

Os sete amores, filme mudo da década de 20 dirigido pelo ator americano Buster Keaton, conta a história de um rapaz que descobre ser o herdeiro de uma fortuna de 7 milhões de dólares que pertecia ao seu avô. No entando, para ter direito ao dinheiro, o jovem deve se casar antes de completar 27 anos. O grande problema é que ele recebe tal notícia no dia exato de seu 27º aniversário. A partir daí ele começa uma grande confusão para conseguir se casar e ter acesso ao dinheiro.

O humor presente no filme de Buster Keaton - cujo nome verdadeiro é Joseph Frank Keaton Jr. - é caracterizado pelas corridas, quedas e fugas atrapalhadas. Além disso, o ator desenvolveu uma característica que o marcou. Seus personagens se mantinham impassíveis diante de problemas e situações cômicas. Por não demonstrar sentimentos através de expressões faciais, Buster conseguia que o espectador projetasse seus próprios sentimentos diante da situação.

Um dos grandes momentos do Keaton Jr. como ator se deu quando ele contracenou ao lado de Charles Chaplin no filme Luzes da Ribalta, de 1952. Durante 10 minutos os dois representam dois atores de "vaudeville" que tentam resgatar os bons tempos.

O filme Os sete amores faz parte da programação do Festival MIMO de Cinema, no Ciclo Cinema Mudo, e será exibido hoje, às 19:00, na Igreja da Sé.

Sangue, suor e lágrimas

Foto: Tiago Calazans

As célebres palavras do primeiro discurso de Winston Churchill como primeiro ministro britânico tornaram-se um recorrente chavão para exprimir toda a dedicação e sacrifício a uma causa ou a uma missão, mas poucas vezes elas chegaram tão perto de adquirir significado real quanto ontem, no concerto de Leonardo Altino e Ana Lúcia Altino Garcia no Convento de São Francisco.

O suor era dado a todo momento por Leo Altino. Ao final de cada movimento, foi preciso ele enxugar o violoncelo e a si mesmo, devido tanto ao calor que fazia na igreja quanto às dificuldades que cada obra impunha. Sangue não houve, mas parecia haver quando o suor deslizava pela madeira rubra do cello - e o repertório escolhido fazia crer nisso. Só faltavam as lágrimas.

Antes da Sonata de Chostakóvitch, Leo Altino comentou com o público que ele a tocava há 25 anos, mas que somente veio a entender o que estava por trás das melodias do compositor russo quando seus professores russos de cello explicaram a ele a dor que não podia ser explicitada por conta da censura do governo soviético - e de fato os momentos mais líricos da peça são intensos mas de uma profundidade velada, evitando ser diretamente tocante.

Leo Altino comentou particularmente sobre o segundo movimento, que sugere uma imagem de fábrica de seres humanos, e o terceiro, cuja melodia considerava bela, mas árida, tanto que o público - que aplaudia indiscriminadamente após movimento - de fato ficou sem reação quando se deu a execução dele. As lágrimas estavam prometidas, mas só calharam de vir após o segundo bis.

O primeiro havia sido Requiebros, de Gaspar Cassadó, mas com a insistência dos presentes ao Convento de São Francisco, foi repetido o Poema III de Marlos Nobre, que Leo Altino e Ana Lúcia dedicaram ao trombonista Radegundis Feitosa, amigo da família. O clima de comoção pôde ser testemunhado nos bastidores, pelos que iam cumprimentar mãe e filhos virtuoses.

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Em tempo, Radegundis será homenageado na MIMO amanhã às 16h30, na Igreja do Monte, pelo grupo Paraibones.

Confira imagens do terceiro dia da Mimo 2010


Foto: Beto Figueiroa

Mais fotos

A expulsão do paraíso

A Primeira sinfonia de Danilo Guanais (antes chamada Sinfonia em quatro movimentos) foi apresentada ontem pela primeira vez em Pernambuco e contou com a presença do escritor Ariano Suassuna. A obra - para tomar como parâmetro outra que já fora apresentada no estado - assemelha-se à Sinfonia dos Dois Mundos, de Pierre Kaelin e D. Hélder Câmara, pelas intervenções de textos falados, em lugar de cantados, e pelo poliestilismo que se amolda à dramaticidade dos textos, oscilando do serialismo vienense ao minimalismo goréckiano.

A diferença na origem e no emprego dos textos de ambas as sinfonias está na autoria (o texto da Sinfonia dos dois mundos é de D. Hélder, enquanto o da Sinfonia de Guanais foi retirado do Livro de Adão e Eva, um apócrifo protomedieval, e de poesias de Ariano) e na distribuição do texto entre mais de um declamador na obra de Guanais.

A distribuição em sequência foi feita da seguinte forma (onde os textos do coral são de Ariano e os demais do apócrifo):

1° movimento: Narrador - coral - Deus - coral
2° movimento: Adão - coral - Eva
3° movimento: Deus
4° movimento: Narrador - Deus + coral

Revisitando Django Reinhardt

Não há dúvidas de que o jazz é uma música densa. E o que lhe dá esse caráter é a necessidade de criação expontânea no momento da execução de um tema por parte dos instrumentistas: o improviso. Por conta disso, as apresentações costumam transbordar, além da exuberância técnica dos músicos, um conteúdo emotivo extraordinário por conta da inventividade constante do solista e da cumplicidade daqueles que o acompanham. Junta-se a isso, a fundamental interação do público que observa os arriscados voos dos jazzístas amalgamando, dessa forma, a atmosfera do concerto. Uma relação de troca se estabelece. Os músicos improvisam, a platéia responde calorosamente e os músicos improvisam ainda mais. Um ciclo que tende ao infinito. E foi exatamente isso o que aconteceu na apresentação dos franceses da Selmer #607.

Como a idéia do coletivo é revisitar o jazz manouche de Django Reinhardt, os músicos optaram por um formato de apresentação onde cada solista se reveza ao mesmo violão - um Selmer #607 - para interpretar temas autorais e de outros compositores. Assim, Benoit Convert foi o primeiro a se apresentar. No standard Soflty as in a Morning Sunrise, o jovem músico mostrou toda a sua capacidade improvisativa com fraseados velozes e precisos. Logo em seguida, após um prelúdio que parecia tocar as estrelas, eis que o músico surpreendeu com Wave de Tom Jobim. A platéia delirou. Em seguida, Sébastien Giniaux, assumiu o posto e iniciou seu set com uma balada: Heal the Word de Michael Jackson. Por fim, Adrien Moignard veio e mostrou que é possível tocar jazz modal com o balanço dos anos 1930. Em So What! de Miles Davis, o violonista deitou e rolou no modo dórico.

Uma apresentação de tirar o fôlego que permitiu uma íntima ligação entre instrumentistas e audiência mostrando que a música sempre pode surpreender.

Eu, o vinil e o resto do mundo

Divulgação

"Tem que dormir em pé treinando". Essa é a vida dos dj's do suburbio paulista que buscam a realização de um sonho: reconhecimento profissional e sucesso através do maior concurso de dj's da América Latina, o Hip Hop DJ. E é esse concurso o fio condutor do longa-metragem dirigido pelas estreantes Lila Rodrigues e Karina Ades.

Com depoimentos marcantes, o documentário consegue transmitir a mensagem de persistência, luta e esperança de moradores do subúrbio paulista, que enfrentam a pobreza, o preconceito e a criminalidade na tentativa de se tornarem ricos e famosos atravéz da música.

Destaque para a sensibilidade do olhar de duas mulheres ao retratar uma temática tão dura como em Eu, o vinil e o resto do mundo. E é este olhar que faz o concurso de dj's ficar em segundo plano para dar lugar ao drama pessoal de cada um dos personagens.

O longa será exibido hoje, às 17:30, no Mercado da Ribeira, em Olinda.


Pretinho Babylon

Com influência direta do filme Rockers, o curta Pretinho Babylon, dos diretores Cavi Borges e Emilio Domingues apresenta uma espécie de adaptação do clássico jamaicano à realidade do suburbio underground carioca. Os reggaes e o skas são substituidos pelo dub do grupo Digitaldubs, que assina a trilha sonora do filme.

Os elementos presentes no filme da década de 70 são novamente retratados no curta. Com músicos-atores, dreadlocks, vinis, maconha, rastafari e até mesmo a bicicleta (substituindo a motocicleta do original) o filme recria a Jamaica dos anos 70 no Rio de Janeiro atual, com direito a muito verde, amarelo e vermelho. Até as dublagens bizarras do original são recriadas em Pretinho Babylon. É uma adaptação clara, direta e cheia de humor.

O curta será exibido hoje, às 17:30, no Mercado da Ribeira.

E para você começar a entender o curta Pretinho Babylon, assista abaixo a um trecho do original Rockers, de 1978.

Uma palhinha de Villa-Lobos

O Conjunto de Violoncelos da UFRN se apresentará hoje às 16h30 na Igreja da Misericórdia, com participação especial da soprano Alzeny Nelo na Bachianas Brasileiras n° 5. Confira a Cantilena com os mesmos intérpretes, em gravação realizada no início deste ano.

Música e Cinema


Após a chegada do cinema falado, muitos acreditavam que o cinema perderia sua verdadeira identidade visual ao introduzir o elemento sonoro em sua "narrativa". Mal sabiam eles que além do som como linguagem, o cinema passou a contar também com um forte aliado: a música. Ganhando alma cada vez mais contundente nas telonas, a música passou a ser um elemento decisivo na compreensão da trama, despertando sensações e até mesmo direcionando ou manipulando a visão do telespectador.

Com base no tema, a MIMO irá exibir uma palestra sobre Música e Cinema: os caminhos da direção e composição com a participação do músico Wagner Tiso e Walter Lima Jr. Quem quiser conferir, é só chegar no Mercado da Ribeira às 15 horas desse domingo 05/09.

A bênção, maestro



Certamente quando soar os primeiros sons de Varei a sensação despertada será a de estar ouvindo uma banda de jazz americana. Também não era para menos, a Orquestra Sanhauá teve sua inspiração em orquestras jazzísticas comandadas por ninguém menos que Moacir Santos, e esse sim mais do que qualquer outro maestro brasileiro viveu e conheceu por dentro o jazz americano, passando de aprendiz a professor pelas terras do tio Sam. Coisa nº 1 será a devida reverência ao maestro, uma “blue note” executada com maestria pelo grupo que ainda por cima traz à tona em seu repertório cheio de polirritmia o som do frevo, prometendo inebriar os ouvidos do público presente com o hino Vassourinhas, que dispensa apresentações.

Orquestra Sanhauá
Data: 05/09
Local: Igreja da Sé
Horário: 11:30

Só para violoncelos

Hoje às 16h30, na Igreja da Misericórdia, o Conjuntos de Violoncelos da UFRN fará um concerto especial, com obras brasileiras e alemãs. Escute uma delas aqui: a Serenata do compositor alemão romântico Franz Lachner (1803-1890), originalmente escrita para quarteto de cellos.

Sorteio de convites 4

Valendo o quarto convite, para a apresentação do McCoy Tyner Trio e Gary Bartz, hoje na Igreja da Sé.

Que outros dois instrumentos de teclado, usuais na música clássica mas totalmente incomuns ao universo musical jazzístico, McCoy Tyner tocou em seu disco Trident, de 1975, além do piano?

A primeira pessoa a responder corretamente nos comentários receberá a confirmação via e-mail e deverá ligar para o número informado, levando ainda um documento de identidade com foto na ocasião do recebimento do convite.

PS.: Não poderão participar pessoas que tenham contato pessoal ou profissional com os integrantes do Blog da Mimo ou com qualquer integrante da produção e da assessoria de imprensa da MIMO 2010.

Multi-instrumentista carioca estreia turnê mundial


Escultor de SoloS

Davi Lira
Da equipe do Blog da Mimo

A sonoridade dos sopros é a base, a música brasileira fica como gancho e a improvisação se transforma em método. Com a estréia mundial do show SoloS na Mimo, Carlos Malta busca compilar os seus quase 20 anos de trajetória através de um concerto que tem como eixo principal a felicidade e a liberdade infinita dos timbres. Com arranjos originais, seus saxes, flautas e pífanos se unem à emoção e à intuição criativa desse multi-instrumentista. O seu elo de ligação com a música é observado através do processo de multiplicação de sons dos saxofones barítono, tenor, alto e soprano e nas flautas em sol, dó, baixo e flautim. Suas parcerias com Edu Lobo, Gilberto Gil, Wagner Tiso, Gal Costa, José Miguel Winisk e o Quarteto de Cordas Guerra Peixe, além do estudo musical em Pixinguinha, Elis Regina e as infinitas possibilidades da música do nordeste, retratam de forma estritamente fiel a essência de sua harmônica alma musical.

Concerto
Carlos Malta
Data: 05/09/2010
Hora: 18h30
Local: Capela Dourada (Recife)

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Vídeo com apresentação de Carlos Malta