domingo, 5 de setembro de 2010

Revisitando Django Reinhardt

Não há dúvidas de que o jazz é uma música densa. E o que lhe dá esse caráter é a necessidade de criação expontânea no momento da execução de um tema por parte dos instrumentistas: o improviso. Por conta disso, as apresentações costumam transbordar, além da exuberância técnica dos músicos, um conteúdo emotivo extraordinário por conta da inventividade constante do solista e da cumplicidade daqueles que o acompanham. Junta-se a isso, a fundamental interação do público que observa os arriscados voos dos jazzístas amalgamando, dessa forma, a atmosfera do concerto. Uma relação de troca se estabelece. Os músicos improvisam, a platéia responde calorosamente e os músicos improvisam ainda mais. Um ciclo que tende ao infinito. E foi exatamente isso o que aconteceu na apresentação dos franceses da Selmer #607.

Como a idéia do coletivo é revisitar o jazz manouche de Django Reinhardt, os músicos optaram por um formato de apresentação onde cada solista se reveza ao mesmo violão - um Selmer #607 - para interpretar temas autorais e de outros compositores. Assim, Benoit Convert foi o primeiro a se apresentar. No standard Soflty as in a Morning Sunrise, o jovem músico mostrou toda a sua capacidade improvisativa com fraseados velozes e precisos. Logo em seguida, após um prelúdio que parecia tocar as estrelas, eis que o músico surpreendeu com Wave de Tom Jobim. A platéia delirou. Em seguida, Sébastien Giniaux, assumiu o posto e iniciou seu set com uma balada: Heal the Word de Michael Jackson. Por fim, Adrien Moignard veio e mostrou que é possível tocar jazz modal com o balanço dos anos 1930. Em So What! de Miles Davis, o violonista deitou e rolou no modo dórico.

Uma apresentação de tirar o fôlego que permitiu uma íntima ligação entre instrumentistas e audiência mostrando que a música sempre pode surpreender.

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