quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Como foi a palestra de Edino Krieger

O compositor residente da MIMO 2012, Edino Krieger, fez uma palestra de duas horas de duração, ontem, no Conservatório Pernambucano de Música, pela Etapa Educativa da Mostra. É a segunda vez que o músico catarinense, que já presidiu a Academia Brasileira de Música e o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, marca presença na MIMO, sendo a primeira em 2008.

O músico contou diversos episódios de sua vida pessoal e musical que estão no livro Edino Krieger - Crítico, produtor musical e compositor, organizado por Ermelinda Paz. Entre eles, o de quando ganhou seu primeiro violino e o botou para lavar no tanque e secar ao sol - para remover o pó de breu que o encobria -, tendo inutilizado o instrumento por conta dessa inocência.

Confira matéria completa sobre a palestra no site da revista Continente.

Yuka no caminho das pedras e das setas

Divulgação

Baterista e líder da banda carioca O Rappa, Marcelo Yuka estava no auge da carreira quando, em novembro de 2000, tomou nove tiros em uma tentativa de assalto na Tijuca, Rio de Janeiro. Ao contrário de outros exemplos, quando acidentes quase sempre representavam fortalecimento e união entre os grupos musicais, Yuka saiu da banda motivado por uma briga por dinheiro entre seus integrantes. 

Bastante ligado às causas sociais - pensamento que se refletia em suas excelentes composições -, o ex-baterista, hoje paraplégico, chegou a acreditar que estivesse acabado para a música. Onze anos depois, o músico, que se apresentou no Rock in Rio 2011 com as cantoras Cibelle, Karina Buhr e Amora Pêra como convidadas especiais, prepara seu primeiro disco em estúdio. Esse processo de redescoberta musical e o esforço para voltar a andar foi registrado no filme Marcelo Yuka no Caminho das Setas, segundo longa-metragem que será exibido no Festival MIMO de Cinema, hoje, às 19h, na Igreja da Sé. 

Com direção e produção de Daniela Broitman, o documentário retrata os anos de recuperação do músico, começando pelo início do tratamento nos Estados Unidos, e sua luta por maior realização de pesquisas em células-tronco. A partir daí, envereda por sua história pessoal e artística para expor o homem, o músico, e o ativista Marcelo Yuka, hoje uma das principais vozes por justiça no País. Além disso, a diretora entrevistou os integrantes do Rappa para tentar compreender o que motivou sua saída da banda.

Doc | 95min | 2011 | Rio de Janeiro/RJ | 12 anos

LONGA | Marcelo Yuka no Caminho das Setas
DATA | 06/09
LOCAL | Igreja da Sé
INÍCIO | 19:00




Mostra MIMO de Cinema - Curtas do dia

A banda Babi Jaques e os Sicilianos - que está gravando seu primeiro CD, com patrocínio da Prefeitura do Recife - estreia hoje no Festival MIMO de Cinema o curta Sabe lá o que é isso?, dirigido por Wilson Freire.

A pretexto de criar uma releitura do hino do bloco Batutas de São José, ao lado do Maestro Spok, o filme retoma as discussões sobre as influências que o frevo sofreu ao longo de seus 105 anos de existência, incluindo as mudanças urbanísticas no bairro de São José durante o regime militar, que prejudicou as atividades dos blocos carnavalescos.

Entre as locações do filme, estão o Recife Antigo e a rua Manoel Apolinário, no Alto José do Pinho (onde está o sofá verde com os integrantes da banda). Confira o trailer abaixo:

Doc | 20min | 2012 | Recife/PE | Livre


Sabe La O Que É Isso? TRAILLER from Thiago Lira on Vimeo.

Para marcar a estreia do curta, Babi Jaques e os Sicilianos farão um show às 22h na After Mimo. Aproveite e confirme presença no evento.

***

Os outros dois curtas exibidos hoje às 18h no Seminário de Olinda (e reprisados amanhã, no mesmo horário, no Mercado da Ribeira) são:

O Guitarrista no Telhado, de Guto Bozzetti

"Em 1969, os Beatles fizeram o último concerto ao vivo no terraço da gravadora Apple, em Londres. Mais de 40 anos depois, em Porto Alegre, o músico Cláudio André também quer ser famoso e, aconselhado pela vizinha Débi, monta um show no telhado do prédio onde mora."

Anim | 11min | 2011 | Porto Alegre/RS| Livre

Meia Boca Band, de Ruyter Curvello Duarte

"O filme conta como é a vida de um músico de rua que toca saxofone pelas avenidas da capital federal."

Doc | 13min | 2011 | Brasília/DF | Livre

De volta ao Recife, após 12 anos

Strauss tocando Mozart em Tóquio. Foto: Facebook
Hoje às 16h, na Igreja da Misericórdia, em Olinda, a Orquestra Experimental de Câmara faz seu segundo concerto na história da MIMO, com regência de Israel França. O primeiro havia sido em 2007, na igreja do Convento de São Francisco, sob direção do carioca Guilherme Bernstein Seixas.

Desta vez, a orquestra traz como convidado um solista pernambucano que há doze anos não atuava no Estado, o flautista James Strauss, que interpretará um dos concertos para flauta do italiano Saverio Mercadante (1795-1870). Em conversa por telefone com o Blog da MIMO, James - natural de Abreu e Lima - conta que ficou feliz pelo convite, mesmo que tenha sido surpreendido por ele há pouco mais de uma semana.

Após atuar este ano no México (ao lado do maestro recifense Lanfranco Marcelletti), na Galícia, na Andaluzia e na Lituânia, o flautista lamenta que faça poucos concertos no Brasil, mas que está se empenhando nesse sentido, e comemora o álbum que será lançado em outubro pela Orquestra Nacional da Lituânia.

No repertório constarão a suíte Saudades do Brasil, do francês Darius Milhaud, o Concerto para flauta do francês Florent Schmitt (cujos manuscritos das partes orquestrais foram encontrados por James no arquivo da editora Max Eschig) e a Bachianas Brasileiras n° 2 de Villa-Lobos.

Hoje é dia de Vira Loucos

Radicado nos Estados Unidos desde os anos 1980, o percussionista paulistano Cyro Baptista comanda a apresentação principal da segunda noite da MIMO 2012 no Recife - às 20h30, na Igreja da Sé - com um repertório formado por releituras de peças de Villa-Lobos.

O espetáculo Vira Loucos nasceu de uma parceria com o maestro Michael Tilson-Thomas e a Orquestra Sinfônica do Novo Mundo. O próprio Cyro conta, em seu site oficial, como surgiu a ideia:

"Quando encontrei Michael, ele estava sentado como que mergulhado numa piscina de folhas musicais e estava enrolado com uma complicada transcrição de violas para violinos [...] Minha imediata reação foi tocar o berimbau e cantar as melodias simples em que Villa-Lobos baseou suas composições. Daí tive a ideia de desenvolver um trabalho sobre as fontes que ele usou em sua música, explorando os vários elementos percussivos predominantes nela".

No vídeo abaixo, vocês conferem Cyro - que já atuou como percussionista convidado em mais de cem CDs, incluindo Obrigado, Brasil, de Yo-Yo Ma - tocando a cantiga da Bachianas Brasileiras n° 4.

Samba, bossa e baião

Foto: Tom Cabral

Como não poderia deixar de ser, o concerto que deu abertura às atividades da MIMO iniciou de maneira grandiosa, com direito a igreja completamente cheia e ansiosa para ver o primeiro show do festival.

Por sua vez, o trio tinha a missão de impressionar a plateia ávida por um grande espetáculo. Sylvain Luc ficou a cargo de dar os primeiros acordes no seu violão, logo seguido pelo contrabaixo de Richard Bona. O show começou bem intimista e com notas suaves, e foi crescendo ao longo do espetáculo, em especial, acompanhado pelo pandeiro de Marcos Suzano, que muitas vezes fazia a marcação e dava ritmo brasileiro às composições da  dupla francesa.

Logo na sequência, Richard finalmente solta a voz mansa e doce - sua principal característica - e parece agradar mais o público, que o observa com muita satisfação. Sempre sorridente e muito bem-humorado, Bona agradecia ao final de cada música e mostrava um pouco do vocabulário português que aprendeu por aqui.

O ponto alto do show ficou para a apresentação solo de Richard que cantou à capela uma belíssima e envolvente canção de sua terra nativa (Camarões) utilizando o dialeto local. A plateia estava extasiada com aquele momento e parecia nem piscar os olhos. Um silêncio quase absoluto pairava sobre a igreja que estava empenhada a ouvir o quase sussurrar do músico camaronês. Eis que num dado momento, ele se levanta e continua a cantar em pé e a partir daí começa a intervenção tecnológica na sua apresentação. Ao utilizar o looping para gravar a própria voz, ele faz do aparelho um artifício para arrancar risadas da plateia, já que muitas vezes parava de cantar e deixava o recurso tecnológico a cargo de reproduzir sua própria voz. A essa altura, o talentosíssimo artista já tinha caído nas graças do público presente.

Já chegando ao final do espetáculo, com os 3 músicos a postos novamente, chega a hora de homenagear algumas das mais populares canções brasileiras. No repertório estava “ A felicidade” de autoria de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, que como previsto, toda igreja cantava, ainda que de maneira tímida. “Assum Preto” e “Asa Branca” de Luiz Gonzaga foram as surpresas da noite para delírio da igreja lotada. Cheio de improvisos, muitas vezes Bona parecia se perder ao longo da execução, mas rapidamente olhava para o brasileiro Marcos Suzano e logo se reencontrava. Findada a apresentação, o público já tava em estado de efervescência e clamaram pelo bis, prontamente atendido pelo trio que terminou em grande estilo, ao executar “Cravo e Canela” de Milton Nascimento.

O samba, a prontidão e outras bossas


Mesmo agregando influências gringas que vão do funk africano ao rock psicodélico nascido na Inglaterra e nos Estados Unidos, o som da banda carioca Paraphernalia é coisa muito nossa. Basta notar os acordes de samba, a pegada latina, a impossibilidade de ficar parado enquanto se ouve o instrumental virtuoso. Mas quem ainda enxergava mais blaxploitation e a trilha perfeita para um filme de Tarantino nas músicas da banda (o cinema também está bem presente nas composições, não à toa eles começaram a carreira se apresentando no Cine Buraco, que reunia cinéfilos e amantes da música, no bairro das Laranjeiras, Rio de Janeiro), certamente vai dar o braço a torcer após a apresentação de hoje na MIMO. Contando com a participação especial de Marcos Valle, um dos maiores nomes da nossa segunda geração da bossa nova, o som da Paraphernalia nunca esteve tão tupiniquim. Groove pintado de verde e amarelo, saudando essa véspera de feriado da Independência. Salve pátria! Com Champagne:


CONCERTO | Paraphernalia | Participação especial de Marcos Valle
DATA | 06/09
LOCAL | Seminário de Olinda
INÍCIO | 19:00