quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Samba, bossa e baião

Foto: Tom Cabral

Como não poderia deixar de ser, o concerto que deu abertura às atividades da MIMO iniciou de maneira grandiosa, com direito a igreja completamente cheia e ansiosa para ver o primeiro show do festival.

Por sua vez, o trio tinha a missão de impressionar a plateia ávida por um grande espetáculo. Sylvain Luc ficou a cargo de dar os primeiros acordes no seu violão, logo seguido pelo contrabaixo de Richard Bona. O show começou bem intimista e com notas suaves, e foi crescendo ao longo do espetáculo, em especial, acompanhado pelo pandeiro de Marcos Suzano, que muitas vezes fazia a marcação e dava ritmo brasileiro às composições da  dupla francesa.

Logo na sequência, Richard finalmente solta a voz mansa e doce - sua principal característica - e parece agradar mais o público, que o observa com muita satisfação. Sempre sorridente e muito bem-humorado, Bona agradecia ao final de cada música e mostrava um pouco do vocabulário português que aprendeu por aqui.

O ponto alto do show ficou para a apresentação solo de Richard que cantou à capela uma belíssima e envolvente canção de sua terra nativa (Camarões) utilizando o dialeto local. A plateia estava extasiada com aquele momento e parecia nem piscar os olhos. Um silêncio quase absoluto pairava sobre a igreja que estava empenhada a ouvir o quase sussurrar do músico camaronês. Eis que num dado momento, ele se levanta e continua a cantar em pé e a partir daí começa a intervenção tecnológica na sua apresentação. Ao utilizar o looping para gravar a própria voz, ele faz do aparelho um artifício para arrancar risadas da plateia, já que muitas vezes parava de cantar e deixava o recurso tecnológico a cargo de reproduzir sua própria voz. A essa altura, o talentosíssimo artista já tinha caído nas graças do público presente.

Já chegando ao final do espetáculo, com os 3 músicos a postos novamente, chega a hora de homenagear algumas das mais populares canções brasileiras. No repertório estava “ A felicidade” de autoria de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, que como previsto, toda igreja cantava, ainda que de maneira tímida. “Assum Preto” e “Asa Branca” de Luiz Gonzaga foram as surpresas da noite para delírio da igreja lotada. Cheio de improvisos, muitas vezes Bona parecia se perder ao longo da execução, mas rapidamente olhava para o brasileiro Marcos Suzano e logo se reencontrava. Findada a apresentação, o público já tava em estado de efervescência e clamaram pelo bis, prontamente atendido pelo trio que terminou em grande estilo, ao executar “Cravo e Canela” de Milton Nascimento.

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