sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Repertório do concerto de Philip Glass


Études (1 & 2), piano solo
Estes estudos para piano são parte de um trabalho de 16 peças completadas em 1999. Cada estudo aborda o piano de uma maneira distinta, revelando uma série de peças bastante diversificadas.

Partita para Violino Solo em Sete Movimentos
Conheci Tim Fain durante a turnê do “Livro da saudade” (Book of longing), um concerto baseado na poesia de Leonard Cohen. Neste trabalho, todos os instrumentistas tinham partes solo. Logo depois desta turnê, Tim me pediu que eu compusesse alguma coisa para violino solo para ele tocar. Como havia ficado muito impressionado com sua habilidade ao violino, com a interpretação que ele deu ao meu trabalho, eu logo concordei.

Decidi por uma peça de sete movimentos. Pensei numa partita, inspirada pelas peças para teclado ou violino solo de Bach. A música daquele tempo incluía movimentos inspirados em danças, frequentemente uma chacona, que representa o exercício de composição. O que me estimulou sobre estas peças é que elas permitem ao compositor apresentar uma variedade de músicas compostas dentro de uma mesma estrutura geral. Comecei a trabalhar quase que imediatamente e ataquei as três primeiras peças. Dividi a chacona em duas partes separadas por vários outros movimentos. Dessa forma, os temas podem ser apresentados, postos de lado e reapresentados mais tarde.

Estava querendo uma estrutura expansiva e ao mesmo tempo bem amarrada. Tim começou a tocar a obra com estes três movimentos somente. O ultimo movimento foi completado no final de 2010. A première mundial da partita completa aconteceu em Middleburg, na Holanda, em maio deste ano. A estreia norte-americana vai acontecer em setembro [portanto os ouvintes da MIMO 2011 prestigiarão a estreia nas Américas].

Metamorphosis (4, 6, 10), piano solo
Trata-se de um grupo de peças para piano que compus em 1989 a partir do filme de Errol Morris “Uma tênue linha azul” e a peça “Metamorfose”, que faz parte da trilogia “O processo”, dirigida por Gerald Thomas, que estreou em São Paulo. Como trabalhei nos dois projetos simultaneamente, a música parece que se serviu bem para uma síntese como esta.

Música de “The screens”, piano e violino
a. The Orchard
b. France
c. O tenente francês
“The screens”, o último grande trabalho dramático de Jean Genet, estreou em Paris em 1966, no Teatro do Odeon. Foi uma explosão nas primeiras apresentações, com direito a protestos e polícia. Composta em colaboração com o griô Foday Musa Suso para a produção de “The screens”, que ficou em cartaz no Teatro Guthrie, em Minneapolis, foi dirigida por Jo Anne Akalatis em novembro de 1989. A peça se passa na Argélia, no início dos anos 60, durante o esforço revolucionário que o povo empreendeu para se tornar independente da França. Neste processo de combinar temas sobre colonialismo, exploração e a noção europeia de “árabe”, Genet nos dá uma visão dramática e duradoura do conflito.

Pendulum, piano e violino
A música para Pendulum foi estreada a partir de uma encomenda do Sindicato Americano da Liberdade Civil em seu 40° aniversário, em 2010. Foi originalmente composta como uma peça de um movimento para violino, violoncelo e piano. Recentemente, trabalhei com Tim Fain para rearranjar a peça para violino e piano. O espírito do trabalho e o nome permaneceram os mesmos.

Philip Glass se apresenta na MIMO através de um acordo com a Antares Produções

Ballaké, Segal e Naná: concerto representa superação da dominação europeia no mundo

Foto: Beto Figueiroa - Ateliê Santo Lima


O ressentimento dos africanos pela dominação europeia, mais evidente no século XIX no continente, ficou para trás quando o malinês Ballaké Sissoko teve a ideia de tocar e gravar o álbum Chamber Music com o francês e violoncelista Vincent Segal. A cumplicidade desenvolvida na parceria pôde ser atestada, pelo público da MIMO 2011, na apresentação da dupla, nesta última quarta-feira (07), na Igreja da Sé, em Olinda. Ironicamente, o concerto foi realizado no dia em que se comemora a Independência do Brasil. Aqui, europeus e africanos foram protagonistas do processo de colonização e, consequentemente, formação do povo brasileiro. A mestiçagem resultante disso esteve presente na participação do multiartista recifense Naná Vasconcelos no finalzinho da apresentação. 

A amizade entre Ballaké e o francês era perceptível em gestos simples, como quando Segal se curva para conferir a primeira nota do solo do malinês na música Oscarine. Ou no intervalo entre as canções Houdesti e Wo Yé N'gnougobine, no tempo em que o violoncelista explica, didaticamente, em um português esforçado, que o Kora não é um instrumento percussivo, e sim, clássico. Ele conta ainda que o artefato teve origem no norte de Mali e pertence à cultura mandinga, espécie de etnia africana. Ballaké também dá os seus sinais de bem-estar. Vestido de bata e calça branca, sapato marrom e um relógio de ouro no pulso, tocava sempre de olhos fechados, como quem precisasse abster-se de um sentido para incorporar o sentimento provocado pelo som que emitia. 

Segal também procurou afinidades entre seu parceiro e a cultura brasileira moderna. Após executarem a passional Histoire de Molly, ele dá, novamente, mais uma pausa, e diz que Ballaké tem um filho que é jogador de futebol. O artista africano, inclusive, já atuou profissionalmente no clube francês Paris Saint-Germain.

Foto: Beto Figueiroa - Ateliê Santo Lima


Na décima canção, intitulada Mako Mady, a dupla recebeu a participação do músico pernambucano Naná Vasconcelos. Sua sonoridade mística e sensorial proporcionou um novo tom ao concerto minimalista até então. Naquele momento, a arte que os três produziam, juntos, representava, em certa medida, a superação da dominação europeia pela mundo. A arte tem essa capacidade de colocar um ponto final em qualquer ressentimento. Para finalizar a noite, surpreendem a todos, executando a música Asa Branca, do mítico compositor popular brasileiro Luiz Gonzaga.

Philip Glass na Igreja da Sé

Acabamos de saber de um boato sobre Philip Glass se apresentar no Palco da MIMO montado na Praça do Carmo. Não é verdade: o concerto será mesmo na Igreja da Sé.

DJ 440 e o cineasta Thiago Lira comentam apresentação da Gotan Project

Crédito: Divulgação

“Gosto da Gotan Project. Acho que a música não pode e nem deve ser limitada. As fusões são fundamentais. Elas fazem a música se reinventar sempre. Imagina se a gente tivesse somente jazz, samba ou funk puro? A mistura de um estilo com outro, do acústico com o eletrônico, “engrossa o caldo” e faz com que a canção se torne interessante e surpreenda sempre, de alguma forma. O show da “Gotan” mostrou um pouco disso...”. (DJ 440)


Crédito: Divulgação



“Confesso que nunca tinha escutado falar na banda Gotan Project até a divulgação da MIMO 2011. Achei interessante a mistura do som deles. Adicionaram o “eletro”, mas não perderam a essência e harmonia do gênero tango. E isso é bastante positivo e difícil de fazer também. As interações com vídeos também são muito bem executadas. E pelo que andei observando, eles primam por imagens bem produzidas”. (cineasta Thiago Lira)








O DJ 440 ou Juniani Marzani é pesquisador de raridades musicais. Ele mora em Olinda e atua como disc jockey desde 1997// O cineasta Thiago Lira participou da programação de cinema da MIMO 2011 com o documentário À sua imagem e semelhança.



Confira o vídeo que o Blog da MIMO 2011 fez da apresentação da banda Gotan Project em Olinda, ontem:







Entrevista encerrada.

44 minutos de duração

Sobre a importância da Etapa Educativa da MIMO no campo social

A música é o coração de um sistema educacional que se apoia em um tripé: prática, foco e disciplina. Essas três coisas juntas tornam uma pessoa um pedreiro ou um médico e a ensinar a aprender a investir na própria vida.

Antes, música era uma parte essencial da educação, mas muita gente passou a achar desnecessário - políticos, quase sempre - e não compreendia o porquê disso. Hoje é diferente, não há educação musical, e as pessoas têm de mandar seus filhos para escolas privadas.

É preciso ter em mente que a responsabilidade social e a criatividade são dois pontos complementares.

Sobre o trabalho da Etapa Educativa da MIMO

Isso é algo maravilhoso. Tive um workshop hoje, o Philip vai um ter amanhã, e isso me relembrou coisas importantes em torno da música que nós, que somos tão estabelecidos, estamos com isso adormecido: quando lembramos às crianças como colocar paixão na música, isso me faz pensar como eu fiz isso comigo mesmo também, na juventude.

Duas respostas

Sobre os trabalhos extras que fez para sobreviver antes da consolidação como músico:
O trabalho como taxista não foi o único, houve vários outros. E não deve ser diferente no Brasil, onde as pessoas batalham também para se firmar. Consegui me estabelecer aos 41 anos mas desde os 29 eu fazia tours com meu ensemble.

Sobre o apoio governamental às artes:
Acho injusto esse sistema, pois restringe a criatividade dos artistas. Creio que a melhor alternativa seja o apoio de artistas mais estabelecidos para artistas que entram no mercado. Na Holanda houve um projeto de apoio estatal a jovens compositores, mas o resultado não foi o desejável. Quando se busca uma aprovação externa (um financiamento estatal), isso acaba sendo um ponto de inibição desses talentos. Desculpa pela resposta incisiva, mas é assim que eu percebo esse cenário, não que outras pessoas tenham de seguir essa opinião.

Por que o maior envolvimento com o trabalho de Philip Glass?

"Eu sempre tive uma admiração pelo trabalho do Philip desde o projeto Book of longing e daí me interessei em criar um vínculo mais intenso e daí decidi abraçar uma parte maior desse trabalho do Philip."

Porque a escolha por Tim Fain?

"O Tim é um músico bastante incomum, pois além do domínio de música erudita, ele tem uma aptidão para as chamadas 'novas tendências' e assim executa não só o trabalho que lhe é solicitado mas também contribui com ideias, está apto para trazer ideias para o trabalho".

Confira um trecho da entrevista gentilmente cedida por Arrigo Barnabé após o concerto na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, na Mimo 2011.

ps: Perdoem a qualidade do áudio que não está tão boa, bem como a minha cara na foto, mas o que vale é o registro. (rs)

Clique aqui: Entrevista de Arrigo Barnabé

Entrevista coletiva com Philip Glass, ao vivo

Em instantes, aqui na Sala de Imprensa da MIMO 2011, no Hotel Sete Colinas, o compositor norte-americano Philip Glass concederá sua única coletiva de imprensa da turnê brasileira que fará ao lado do violinista conterrâneo Tim Fain.

E o Blog da MIMO realizará a cobertura ao vivo. 

Tassel apresenta composições do álbum Heads or tails hoje, na Igreja da Sé


Crédito: Divulgação
O Trompetista francês Alex Tassel estudou piano até os 18 anos. Ao longo desse tempo, interessou-se pelo jazz e dedicou-se ao estudo do trompete. Acostumado aos festivais de verão franceses, como o Jazz à Vienne e Django Reinhardt, o músico de 36 anos, reconhecido pela crítica como herdeiro do influente músico Miles Davis, vem apresentar ao público da MIMO 2011 o mais recente CD de sua carreira, o álbum duplo Heads or tails. Seis composições do artista serão executadas na noite de hoje. Ele ainda estará acompanhado por Sylvain Beauf (sax), Laurent de Wilde (piano), Julien Charlet (bateria) e Diego Imbert (contrabaixo).


Confira a versão elétrica da música Olex, uma das seis que serão tocadas:


 


Serviço:
Show de Alex Tassel
Quando: sexta-feira(09), às 20h30
Onde: Igreja da Sé, Olinda

Depoimento - Ivan de Andrade


O Projeto Coisa Fina se apresenta hoje às 18h, no Mosteiro de São Bento, mas quem esteve ontem no concerto de Arthur Verocai na Igreja da Sé já pôde apreciar uma palhinha. Ivan de Andrade, que toca sax alto e clarinete no coletivo, falou um pouco sobre como foi ser regido pelo maestro. Confiram:

Foto: Divulgação

"Conhecíamos Arthur Verocai já há algum tempo. Inclusive, o Coisa Fina ensaiou mais de uma vez com ele. Tocar aqui na Mimo 2011 foi incrível. O público tem uma energia muito boa, dava para sentir como se eles estivessem tocando com a gente, quase subindo no palco. Sentimos uma enorme satisfação pela experiência de tocar com um maestro que fez parte da história da música brasileira."

Depoimento - Wilma Basto

Fascinante! Sobretudo a "ousadia" de misturar no programa o erudito com o popular. Trazer compositores pouco conhecidos e melodias belas e carregadas de emoção. Muito interessante também as explicações e comentários tecidos sobre as obras e os compositores. De quebra, pequenos "casos", como o do pianista Arthur Rubinstein com a filha de um dos compositores. E o extra, com músicas populares brasileiras, demonstrando a versatilidade do Duo, fechou com chave de ouro. Enfim, um fim de tarde maravilhoso, aliando a música de qualidade ao ambiente encantador da Igreja de São Francisco, com seus belos e centenários azulejos portugueses.

Wilma Basto é biomédica e frequentadora assídua de concertos no Grande Recife. O depoimento dela é sobre o recital de Jerzy Milewski e Aleida Schweitzer ocorrido ontem na Igreja do Convento de São Francisco.

A vida e Obra do Nego Dito mais esquecido da música brasileira

Itamar Assumpção reclamou sua vida inteira da política das grandes gravadoras e nunca fez questão de se vender à elas. Com personalidade forte e difícil, esse músico já previa em vida que só seria reconhecido após sua morte. E não é que ele estava certo?!  Seu amigo e principal parceiro, Arrigo Barnabé adianta que Itamar Assumpção foi o artista mais desperdiçado da história da música brasileira. Como sempre acontece com quem vai de encontro à maré, ele pagou um preço muito alto por ser quem é e foi mais um a ser taxado de maldito, juntando-se a músicos como Jards Macalé. Hoje podemos ver claramente o quão prejudicial foi para o processo de criação artística, o domínio e manipulação imposta por esses grandes majors que teve no Nego Dito uma vítima quase fatal. Itamar foi vanguardista desde o começo e hoje tem o título de gênio porque com o advento da internet e a facilidade de lançar discos independentes e autênticos é que podemos entender e dar todos os méritos ao que ele há 3 décadas atrás já fazia disso seu principal objetivo. O documentário sobre Itamar "Daquele instante em diante" faz parte de uma série de homenagens do circuito Itaú Cultural e dá um panorama cronológico do início de sua carreira até sua morte, contando com depoimentos de artistas e familiares que puderam conviver e reconhecer todo talento deixado como legado por esse maldito popular brasileiro.

Filme: Daquele instante em diante
Local: Pátio da igreja da Sé
Horário: 19:00h

Profissão: Músico

A era dos downloads na Web sem dúvida vai ficar marcada como um divisor de águas no processo de substituição dos Cds pelo formato Mp3. É notório a decadência da estrutura e da política das grandes majors que comandavam até a década passada o mercado musical. O filme a ser conferido logo mais, trata da liberdade que os artistas contemporâneos, enraizados nesse processo de produção independente relata e demonstra como as mais diversas manifestações artísticas podem agora, chegar a lugares antes inimagináveis. O média metragem do colombiano Daniel Vargas traz imagens de diversos países do mundo, contando com depoimentos de músicos de rua, Djs etc. Edgar Scandurra e Fernando Catatau são alguns representantes do nosso país que dão seu ponto de vista sobre esse universo pós-MP3.

Filme: Profissão: Músico
Local: Pátio do Seminário de Olinda
Horário: 18:00h

Gotan Project

O show de ontem do Gotan Project foi simplesmente memorável. Praça lotada, público animado e show impecável. E é claro que o Blog da Mimo não deixaria de registrar isso para os que não puderam participar da festa.

Pra ir aquecendo...

Mais uma vez, para ir aquecendo para o show de hoje, às 19:00, no Seminário de Olinda.

Sonoris Fábrica

Homenagem ao maestro


O Projeto Coisa Fina traz como proposta uma homenagem mais do que merecida ao maestro Moacir Santos. Com uma vida discreta e sem muita badalação, o maestro morou quase toda sua vida nos Estados Unidos, ensinando e difundindo seu vasto conhecimento musical. Discípulo de Guerra Peixe e assistente de Hans Joaquim Korellter, Moacir sobressaiu-se e demonstrou que sua genialidade em criar e renovar harmonias na música popular brasileira serviu-lhe para que ganhasse o merecido prestígio e reverência no universo artístico musical. Os jovens músicos de São Paulo uniram-se a fim de fazer com que a obra de Moacir saia do universo pouco conhecido e torne mais acessível ao público em geral. Músicas do aclamado disco "Coisas" ganham o frescor da juventude, oferecida por esses competentes músicos que já lançaram um CD com a releitura do "Coisas" e outras obras menos óbvias do maestro como Maracatucutê e Bluishmen, sempre respeitando as peças originais fundindo elementos nordestinos como o baião e o xaxado ao Jazz.
Abaixo segue o video para o público ter uma demonstração do que virá logo mais.


Concerto: Projeto Coisa Fina
Local: Igreja de São Bento
Horário: 18:00h

Um velho conhecido

Quem for ao Seminário de Olinda hoje, às 19:00, vai encontrar um rosto bem familiar. É que Sérgio Ferraz, um dis líderes do grupo Sonoris Fábrica, é um frequentador assíduo da Mostra. Sempre que pode, lá está ele prestigiando o evento. Ano passado, além de prestigiar como expectador, se apresentou na Igreja do Rosário dos Homens Pretos ao lado de Joca Madureira. Mas, apesar de ter alguma semelhança, o trabalho que ele vai apresentar hoje não traz aquele armorial todo do disco Segundo Romançário. Isto porque o trabalho do Sonoris Fabrica, apesar de trazes influências muito parecidas, aposta numa pegada muito mais popular. Sua formação já aponta para isso. Com um baixo elétrico e uma bateria a mais do que o trabalho com Joca, o som do Sonoris Fábrica tem muito mais grunge. No mais, alguns elementos permanecem os mesmos. A musica regional continua ali, assim como continua ali a mescla com alguns elementos da música espanhola e argentina, apenas numa nova roupagem... que, alias, é excelente!

Sorteio de convites [3]

Começou o terceiro e último sorteio de convites da MIMO 2011. Estão em jogo três pares de senhas, para as seguintes apresentações:

- Egberto e Alexandre Gismonti, dia 10
- Philip Glass & Tim Fain, dia 10
- Hamilton de Holanda e André Mehmari, dia 11, no encerramento da MIMO

Para concorrer, escaneie e nos envie a capa de um CD de qualquer um dos artistas e grupos convidados da MIMO 2011. Nossa recomendação é que você comente primeiro, para garantir a transparência, e depois garanta o envio do arquivo em no máximo uma hora. O e-mail para envio é pb_amaral@hotmail.com.

1920 - A batalha de Varsóvia

Conforme Jerzy Milewski anunciou ontem, foi lançado o filme em 3D 1920 - A batalha de Varsóvia (Bitwa warszawska 1920, ainda sem título oficial em português), cuja trilha sonora ficou a cargo do eterno amigo do violinista, Krzesimir Dębski. Será que chega ao Brasil?

Na boca do sol


Um vídeo pra todos que vibraram ontem com o bis do show de Arthur Verocai. A letra segue abaixo.


Na minha cidade do interior
Tudo que chegou, chegou de trem
Minha mãe olhando pra estação
E vendo viagens dentro de mim
Desenhou no ventre mais um irmão

Na minha cidade do interior
Pra quem mora lá, o céu é lá
Perto da manhã, na boca do sol
Vou da avenida à estação
Por medo dos pais ou da solidão

Toda a minha vida eu vi passar
No brilho dos trilhos de um trem
Que me vem em parte toda manhã
Engolindo túneis que a gente tem
E que a preguiça não deixou fechar

[Na minha cidade do interior
Perto da manhã, na boca do sol
Pra quem mora lá, o céu é lá]

[Repete 3x]

Quer ganhar um livro sobre crítica musical?

Capa: Davi Lira

Quatro dos cinco integrantes deste blog participaram da produção da primeira coletânea sobre crítica musical lançada em Pernambuco e no meio universitário brasileiro, a Coletânea de Crítica Musical - Alunos da UFPE.

Queremos dar dez exemplares do livro de presente a vocês que nos visitam, mas é preciso passar por uma pequena prova, muito fácil de encarar: mandar uma foto sua em uma das apresentações da MIMO 2011, ou em qualquer dos outros eventos da Mostra: Festival de Cinema, Mostra Educativa etc.

Na foto é preciso aparecer você, claro, e qualquer elemento que nos permita identificar o evento ou a marca da MIMO 2011. Não se esqueça de comentar primeiro aqui na postagem (não se preocupe pois os comentários ao serem liberados guardam o horário original) e depois mandar a foto para o e-mail pb_amaral@hotmail.com.

Os exemplares serão dados no concerto de Philip Glass, sábado à noite.

Um concerto de quatro bis e diversas boutades

Foto: André Sampaio - Ateliê Santo Lima

Aleida Schweitzer e Jerzy Milewski voltaram a seu público cativo na MIMO com um repertório realmente diferente dos anos anteriores, focado só em compositores poloneses, mas a verdade é que ambos queriam tocar música brasileira e o público, que não tinha nada contra ("muito pelo contrário"), gostou da ideia e retribuiu com toda calorosidade.

E as peças nacionais vieram no bis, que, se dependesse do sempre bem humorado Jerzy - em contraste com sua discreta e fina esposa -, teria vinte números. Ficou em quatro: Tico-tico no fubá, Brasileirinho, Capricho sobre Carinhoso (de Cussy de Almeida sobre a música de Pixinguinha) e Santa Morena, de Jacob do Bandolim.

A cada final de peça, uma breve conversa com o público. E nelas, uma série de curiosidades, algumas já conhecidas dos fãs do duo, entre as quais: o longo casamento da filha do compositor Emyl Mlynarski com o pianista Arthur Rubinstein, desfeito quando ele assumiu aos 90 anos uma relação com outra mulher, na casa dos 20; a forma polonesa do nome de Chopin, Szopen; o desconhecimento imerecido do maior violinista brasileiro, o mineiro Flausino Vale (1894-1954) (que só não foi tocado nos extras do recital porque Jerzy esquecera a partitura); a proibição de se tocar Paderewski, ex-primeiro ministro e ex-presidente da Polônia, durante o regime comunista; o elogio às peças de Guerra-Peixe para violino; o vício em jogo de Rimski-Kórsakov e Henryk Wieniawski, e o pagamento de Wieniawski em partituras (como uma mazurca tocada por Jerzy)...

Em meio às curiosidades, Jerzy desferiu uma série de espirituosas boutades que levavam o público ao riso. Eis as mais memoráveis:

"Hoje meu fígado está mais pra Sócrates [o jogador de futebol]", ao se referir ao bons vinhos que sempre tomou.

"Pena que Lula não sabe tocar piano", ao compará-lo com Paderewski.

"Paderewski tornou-se rico honestamente, sem precisar roubar", em nova comparação, desta vez entre o compositor polonês e os políticos brasileiros.

"Chopin não escrevia música para a ralé, só para bourgeois [burguês]", comparando-o com Wieniawski, que compunha para todas as classes.

Suíngue sofisticado

Crédito: Renato Spencer

A primeira passagem de Arthur Verocai pela Mimo vai ficar na memória dos que estiveram presentes à Igreja da Sé nesta quinta (8). É que o maestro regeu uma orquestra de 30 músicos capazes de transitar, sem maiores dificuldades, entre as nuances do jazz, da bossa nova e de ritmos que vão do blues ao funk. Verocai contagiou a plateia com o suíngue sofisticado de suas composições, revisitando as influências mais básicas da música brasileira num repertório de 19 canções.

Carlos Dafé. Crédito: Renato Spencer

Clarisse Grova. Crédito: Renato Spencer

Carlos Dafé foi um show à parte de espontaneidade, com o gingado típico de representante da soul music. Clarisse Grova não ficou para trás, revelando todo o potencial de seu timbre, principalmente na execução de "O Tempo e O Vento". Juntos, os intérpretes emprestaram seus vocais impecáveis ora em dueto, ora em solo. Na orquestra, as cordas ficaram quase todas por conta dos 14 integrantes da Orquestra Experimental de Câmara, enquanto os membros do Projeto Coisa Fina cuidaram da percussão e dos metais. Ao passo que o primeiro grupo aparentava um ar contido, de extrema reverência, o pessoal do Coisa Fina esbanjou descontração e entusiasmo. Verocai parecia sintetizar ambos em sua postura que misturava jovialidade e firmeza. 

Crédito: Renato Spencer

Crédito: Renato Spencer

Assim como o próprio maestro declarou na apresentação, o único ensaio realizado anteriormente deu margem para o improviso aparecer, seguindo a tradição do jazz. Como saldo, um som orgânico, que deixou claro a competência de todos os envolvidos em realizá-lo. O público ainda teve direito ao merecido bis de "Na Boca do Sol". 

Crédito: Renato Spencer

Standard até que ponto?

Escolher um repertório constituído somente por compositores standards, isto é, consagrados pela história da música e preferidos pela maioria do público cativo de concertos (uma nicho de preferência que felizmente vem dando espaço aos poucos a obras contemporâneas e, principalmente, nacionais), significa dizer - no mais das vezes - "vou tocar algumas hit parades [que fazem sucesso há uns dois séculos, você pode pensar] e não correr o risco de desagradar o público". Desses standards, que englobam barrocos, clássicos, românticos e figurões da primeira metade do séc. XX como Stravinsky, Prokofiev, Debussy e Ravel, os românticos reinam supremos tanto em número de compositores quanto de obras executadas (comprove o senso comum através de um simples exercício: contando nos seus dedos de quantos românticos você se lembra e comparando com os criadores dos outros períodos citados). Não é surpresa, portanto, encontrarmos um programa como este do concerto do pianista israelense Daniel Gortler, recentemente convidado a ser professor na New York University; nele estão Schumann (Estudos Sinfônicos op. 13), Mendelssohn (uma seleção das Canções sem palavras) e Beethoven, do qual ouviremos uma de suas diversas peças que sofreram com o rebatismo imposto pela crítica ou pelo vulgo, talvez porque um título como Sonata n° 17 op. 31 n. 2 em ré menor seja mais chato de memorizar e nada revele da sua própria atmosfera como A Tempestade. A pergunta que fica, ao final das contas, é "Qual será o diferencial de Gortler nas interpretações desta noite, dedicada a consagrados gênios germânicos?" Julgue por si mesmo, se você bem conhece as obras - ou deixe-se seduzir, em caso contrário.

Logo mais na Capela Dourada, na R. do Imperador, às 18h30 - Santo Antônio, Recife

A vanguarda de Arrigo

Foto: Beto Figueiroa
Pouco antes das 18:30 da quinta-feira,a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos definitivamente parecia minúscula diante da multidão que se aglomerou dentro dela para assistir a um concerto diferente. Como já havíamos publicado, o repertório de Arrigo girou em torno do Clara Crocodilo, seu mais prestigiado trabalho. Despertando euforia e arrancando aplausos calorosos ao término de cada canção, Arrigo manteve o mesmo pulso firme, impondo seu ritmo forte e dissonante a todo instante. Quem não esperava por nenhuma grande surpresa (se é que podemos dizer isso de Arrigo Barnabé), deparou-se com uma bela homenagem a Itamar Assumpção, que obviamente não poderia ficar de fora. Sabor de Veneno deu o desfecho final para o bem-sucedido espetáculo apresentado por Barnabé acompanhado pelo pianista Paulo Braga.

Relatos da Mimo

Foto extraida do Facebook de Gustavo

"O Gotan Project não faz música apenas para consumo próprio. Os três integrantes originais e os músicos convidados (muito bons, por sinal) parecem fazer de tudo para agradar o seu público. E entendem os anseios do público. A qualquer momento de aparente morgação, lá vem aquela pancada. O show em Olinda foi mágico. Tanto quem conhecia o trabalho do grupo ou aqueles que foram à Praça do Carmo graças ao (intenso) hype em torno da apresentação, voltou para casa satisfeito. Um show em que o nível de qualidade permaneceu sempre altíssimo.

O lamento fica por conta da falta de infra-estrutura adequada para o evento. Até mesmo antes do início do show, era tarefa dificílima encontrar uma cerveja. Gelada então, nem se fala. A grandiosidade da apresentação merecia atenção maior por parte dos comerciantes olindenses. O que foi bom poderia ter sido ainda melhor”.

Gustavo Maia é jornalista

Redescobrindo a boa música



Não por acaso, o trio do Azymuth era esperado ansiosamente pelo público da Mimo. Apesar de quase quarenta anos de formação, esta seria apenas a segunda apresentação deles no Estado. A primeira foi no ano passado, no FIG. Uma platéia formada por muitos jovens, mas também por várias carecas e cabeleiras brancas, lotava o Seminário de Olinda e se acomodava como podia para "redescobrir" o fusion que tanto sucesso faz em terras estrangeiras.



E foi só Mamão, Alex e Bertrami subirem ao altar para o público perceber que valeria a pena. No repertório, canções do seu último disco misturavam-se com alguns sucessos do início da carreira. Algumas canções, velhas conhecidas nossas (inclusive tendo sido trilha de novela global). "Linha do horizonte" foi uma dessas que levantou o público e deu ao trio uma cara de velhos amigos nossos.



A versão de Águas de Março, de Jobim, também ajudou a aproximar ainda mais o público. Alias, o público estava uma atração a parte. Deve ter sido uma das raras ocasiões em que a igreja presenciou um público tão atento como o desse show. E não era pra menos, a excelência como os caras executavam cada música, unido ao seu entrosamento e à alegria de estar ali tocando... tudo era contagiante.

Ao fim, com uma gentileza e satisfação que é sempre tão comum entre os que se apresentam nos palcos da Mimo, o trio agradeceu à produção pela oportunidade de apresentar seu trabalho ao público pernambucano mais uma vez e também destacou a importância da Mostra como alternativa para a distribuição da música de qualidade e que está fora do nosso mainstream maluco.