domingo, 6 de setembro de 2009

Pão ou pães, é questão de opiniães

O mais interessante de se ir num concerto de música erudita - além da oportunidade de conferir um repertório diferenciado, claro - é a possibilidade de entrar em contato com diferentes opiniões. Como a proposta da Mimo transita entre o erudito e o popular, o público acaba por se diversificar.

Na apresentação da pianista Joana Boechat não foi de outro jeito. Inclusive, a bacharel em piano pela UFMG declarou estar ciente disso e, portanto, fez de tal um critério para selecionar as músicas a serem executadas: "Como percebi que a Mimo é um festival que mistura a música erudita e a popular, diversifiquei o repertório, afinal o público tem um perfil diverso."

O operador de produção Elvis Alves e a professora de piano Marielza de Moura - formada pelo Centro de Educação Musical de Olinda (Cemo) - comprovam a afirmação de Boechat. "Sou leigo, é a primeira vez que ouço Joana e esse repertório. Uso a emoção para apreciar música erudita", relata Elvis.

Já Marielza, como dito acima, tem uma formação musical mais consolidada; é soprano do Coral Madrigal de Olinda e dá aulas particulares de piano: "Há seis anos que venho para a Mimo. Fui aos shows de Fernando Sodré e de Art Metal Quinteto na quinta, e do [Quarteto de Cordas de] São Petersburgo na Basílica [do Carmo, no Recife]. Não fui à missa para assistir ao show, afinal só acontece uma vez ao ano!"

Marielza se diz "cabeça aberta", que apesar de gostar de música erudita, é receptiva a ritmos populares e a propostas inovadoras como a do Manguebeat, a de Hermeto Pascoal e ainda a de Vitor Araújo. Já Elvis se diz contra a mise-en-scène desenvolvida pelo jovem pianista, como se ele quisesse "ser mais estrela que a música. Acho que o bom artista se basta da música como expressão."

Se só pela riqueza musical o show já é válido, a diversidade de opiniões torna-se um item a mais. Interessantíssimo.

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