
Nunca tinha visto um único violino tocar jazz-rock fusion, blues, choro, tudo no mesmo show... Que é possível, claro que é, mas um repertório tão vasto como esse e lastreado pela competência do intérprete é difícil de se presenciar.
Houve um solo de rock pauleira de Lockwood que valeu aplausos de pé quando o show nem havia chegado na metade.
***
Mais impressionante foi o diálogo do violino solo com os samplers em Les Muettes, onde baixou o espírito de Naná Vasconcelos e Villa-Lobos: uma longa peça que incluía um ostinato (uma célula repetida como baixo) em pizzicato (ou seja, pinçando o dedo nas cordas) sampleado (captado eletronicamente e reverberado em seguida) para dar suporte a um batuque africano (batucado na caixa do violino), a imitações de cantos de pássaros como só o Villa sabia fazer (tá bom, e Olivier Messiaen* também) e a sons das matas, das florestas, das águas...
Ou seja, o que Naná faz com a percussão e a boca, Lockwood fez com violino + sampler.
(Show foi na hora de reproduzir os gritos de um bando de macacos.)
***
* Os interessados procurem no YouTube por L'oiseaux exotiques.
Nenhum comentário:
Postar um comentário